Evangelho
Naquele tempo, 22 Jesus e seus discípulos chegaram a Betsaida. Algumas pessoas trouxeram-lhe um cego e pediram a Jesus que tocasse nele. 23 Jesus pegou o cego pela mão, levou-o para fora do povoado, cuspiu nos olhos dele, colocou as mãos sobre ele, e perguntou: "Estás vendo alguma coisa?" 24 O homem levantou os olhos e disse: "Estou vendo os homens. Eles parecem árvores que andam". 25 Então Jesus colocou de novo as mãos sobre os olhos dele e ele passou a enxergar claramente. Ficou curado, e enxergava todas as coisas com nitidez. 26 Jesus mandou o homem ir para casa, e lhe disse: "Não entres no povoado!"
— Palavra da Salvação.
Reflexão
1. Mais uma vez Jesus usa um gesto ritual. Aqui, em Mc, trata-se da primeira cura de um cego. Com a utilização do seu cuspe liberta aquele homem da cegueira, assim como fez com o surdo-mudo (7,32-37). Os gestos aqui também são importantes: o toque, o cuspe e imposição das mãos. Quanto ao toque, é possível perceber que era algo comum na ação salvífica de Jesus: ou Ele toca ou se deixa tocar. O toque mais surpreendente é o da Encarnação: Ele toca a humanidade, assumindo-a. No que diz respeito à saliva, ela aponta para a ação criadora de Jesus: Sua saliva toca o barro humano para forjá-lo um homem novo. Quanto à imposição das mões, Jesus lhe concede a luz. O processo da cura se deu em dois momentos: num primeiro, aquele homem começa enxergar, mas ainda não está muito claro, vê de modo confuso, não tendo exatidão sobre o que vê. Num segundo instante, vê claramente.
2. A cura desse cego indica a necessidade de iluminação na vida dos discípulos. Eles estavam com Jesus, participaram do milagre da multiplicação dos pães, presenciaram expulsões do demônio, tiveram oportunidade de ouvir Jesus e vê o povo admirado, perceberam um poder extraordinário no Mestre, mas ainda continuavam endurecidos. Tal situação é sugerida pela primeira etapa da cura do cego, que só conseguia enxergar os homens como árvores. Na verdade, os discípulos só vão mesmo chegar à segunda etapa da cura, isto é, a uma verdadeira nitidez, enxergar claramente, depois da Ressurreição de Jesus. Até lá, continuarão na penumbra de uma fé insipiente.
3. Por meio dessa cura, o texto quer nos dizer ainda que o processo da mais autêntica conversão passa por momentos de esclarecimentos, dúvidas, confusões, mas, com perseverança, atinge-se a clareza querida por Deus. O importante é continuar na busca, abrindo-se sempre à ação do Espírito de Deus. O meio mais importante para se alcançar a clareza da fé é a escuta da Palavra de Deus e da vivência litúrgico-oracional. Escutando a Palavra e vivendo-a em oração sincera, o interior de cada um vai sendo moldado pelo Espírito, a fim de tornar cada pessoa configurada a Cristo.
4. Os discípulos e a Igreja encontraram nesse texto um processo catecumenal. Aos poucos, o catecúmeno vai adentrando nos mistérios de Deus até fazer deles sua condição de vida. Também indica o nosso dia a dia. Em todos os momentos, necessitamos aprofundar nossa fé, escutar mais profundamente a Palavra da salvação, dar mais tempo ao diálogo com Deus e ser mais disponíveis ao Seu chamado. Naquele que se abre ao Espírito de Deus, aos poucos vai se formando um homem de Deus.
Um forte e carinhoso abraço.
Evangelho
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