Com apenas 128 anos de independência política, comemorados no dia 29
de setembro de 2007, a história de Camocim remonta ao ano de 1614,
quando Jerônimo de Albuquerque instalou na embocadura de seu rio o
quartel general para expulsar os franceses do Maranhão, comandados por
La Ravardière. Originalmente era apenas uma aldeia de índios e só em 1878 a povoação teve crescimento significativo, com a vinda de famílias de localidades próximas a fim de trabalhar na construção da estrada de ferro para Sobral. Em meados de 1900 o Capitão norueguês M. L. Lorentzen aportou em Camocim com um carregamento de mercadorias e daí em diante o porto local desenvolveu-se com importação variada e exportação de produtos da região, especialmente de bois e alimentos para Belém e Manaus, durante o ciclo da borracha amazônica, até o começo da primeira guerra mundial em 1914. Terra de muitos generais do Exército Brasileiro, Camocim tem em seu filho EUCLYDES PINTO MARTINS o nome mais expressivo, por seu pioneirismo, quando participou de famoso vôo New York – Rio de Janeiro, em 1922, amerissando em Camocim. A literatura, as artes, o artesanato e as tradições populares de CAMOCIM são muito ricas, destacando-se os escritores RBSOTERO, CARLOS CARDEAL e ARTUR QUEIROZ; os pintores TOTÕE e EGLAUBER; o violonista BENONE e outros. O Aviador VisionárioEuclydes Pinto Martins (Camocim, 15 de abril de 1892 - Rio de Janeiro, 12 de abril de 1924) foi um aviador camocinense, que ainda jovem e no fim do ano 1922 foi escolhido como parte da tripulação de um avião fretado pelo jornal "The New York World", que patrocinava a tentativa de uma viagem aérea pioneira entre as Américas do Norte e do Sul. Aquela foi uma época de grandes raides mas se hoje é ainda temerário sobrevoar a Amazônia em aeronaves pequenas, na década de 1920 isso quase beirava a loucura. A viagem começou em Nova Iorque, em novembro de 1922, e terminou no Rio de Janeiro, em fevereiro de 1923, após terem sido cobertos os 5678 km do percurso com cem horas de vôo interrompidas a cada instante pelos mais variados problemas. O primeiro pouso em águas brasileiras ocorreu no dia 17 de novembro de 1922, quando Pinto Martins e seus colegas americanos amerrisaram na foz do rio Cunani, no Pará. O episódio foi posteriormente narrado pelo próprio Pinto Martins a um repórter do Jornal O Estado do Pará: "Quando levantamos vôo de Caiena encontramos forte temporal pela proa. Rompemos o mau tempo com dificuldade, mas tivemos de procurar abrigo. Tomei a direção do aparelho (era o co-piloto da viagem) e depois de reconhecer o Rio Cunani aí descemos às 3h30min. O tempo lá fora era impetuoso e ameaçador. Não nos foi possível prosseguir e passamos a noite matando mosquitos e com bastante fome, pois não contávamos interromper a rota..." Essa e outras aventuras tornaram a viagem New York-Rio uma terrível aventura de obstáculos, só superados pela coragem dos tripulantes. Às 12h20min do dia 19 de dezembro de 1922, um grande pássaro de asas abertas, emitindo estranhos sons, chegava a Camocim. Era ele! O audacioso aviador que pousava em sua cidade natal, motivo de imensa festa e alegria para os camocinenses que participaram daquele momento histórico e do banquete, que lhe foi oferecido às 14h. Pinto Martins foi também recepcionado pelo Presidente Artur Bernardes e recebeu um prêmio de 200 contos de réis por seu feito histórico. Viajou à Europa, voltou ao Rio e iniciou negociações para explorar petróleo. Foi quando ocorreu sua morte brutal, no dia 12 de abril de 1924. Até hoje o episódo não está bem explicado, mas Monteiro Lobato, em seu livro "Escândalo do Petróleo e do Ferro", sustenta que Pinto Martins foi vítima dos poderosos lobbies interessados em atrasar o desenvolvimento brasileiro. A verdade talvez nunca venha a ser conhecida. Uma versão para a sua morte é a de que, após discutir com seu companheiro de viagem Walter Hinton, ele sacou de uma arma e suicidou-se na frente de sua amante. Em 1952, atendendo às aspirações dos seus conterrâneos, o Presidente Café Filho sancionou Lei no Congresso oficializando o nome de Pinto Martins para o aeroporto da capital cearense. Justiça, mas ainda pequena, para o homem dinâmico que na década de 1920 soube antever a importância econômica da ligação aérea regular entre os Estados Unidos e o Brasil. E que teve ainda a coragem de investir na exploração de petróleo no país, quando isso era por todos apontado como uma loucura. A viagem New York-Rio de Janeiro também era insana, mas ele a concluiu. O Aeroporto Internacional Pinto Martins, em Fortaleza, hoje leva seu nome, assim como o Campo de Pouso de Camocim.
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quinta-feira, 2 de agosto de 2012
HISTORIA DE CAMOCIM
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