Grécia Antiga
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Grécia Antiga é o termo geralmente usado para descrever o mundo grego e áreas próximas (tais como Chipre, Anatólia, sul da Itália, da França e costa do mar Egeu, além de assentamentos gregos no litoral de outros países, como o Egito). Tradicionalmente, a Grécia Antiga abrange desde 1 100 a.C. (período posterior à invasão dórica) até à dominação romana em 146 a.C., contudo deve-se lembrar que a história da Grécia inicia-se desde o período paleolítico, perpassando a Idade do Bronze com as civilizações cicládica (3000-2 000 a.C.), minoica (3000-1 400 a.C.) e micênica (1600-1 200 a.C.); alguns autores utilizam de outro período, o período pré-homérico (2000-1 200 a.C.), para incorporar mais um trecho histórico a Grécia Antiga.[1]
Os antigos gregos autodenominavam-se helenos, e a seu país chamavam Hélade, nunca tendo chamado a si mesmos de gregos nem à sua civilização Grécia, pois ambas essas palavras são latinas, tendo sido-lhes atribuídas pelos romanos.[2] O país homônimo hoje existente (ver República Helênica) descende diretamente desta, muito embora, como já dito acima, o termo Grécia Antiga abrange demais locais.
Índice[esconder] |
[editar] Geografia
Situada na porção sul da Península Balcânica, o território da Grécia continental caracteriza-se pelo seu relevo montanhoso; 80% da Grécia é formada por montanhas.[3] A cordilheira dominante é a dos Montes Pindo que separa a costa oriental, banhada pelo mar Egeu, da costa ocidental, banhada pelos mares Jônico e Adriático.
A Grécia Setentrional dividia-se em Tessália, Acarnânia e Épiro; a Grécia Central em Fócida, Etólia, Beócia (região de Tebas) e Ática (logradouro de Atenas); o Peloponeso (Grécia peninsular) em Acaia (região de Olímpia), Arcádia (logradouro de Argos, Tirinto e Micenas), Messênia (terra de Pilos) e Lacônia (região de Esparta). Entre a Grécia peninsular e continental ha o Istmo de Corinto (terra de Corinto e Mégara), estreita faixa litorânea, e o Golfo de Corinto.[2]
No mar Egeu encontram-se várias ilhas que formam diversos arquipélagos: Espórades, Cíclades, Dodecaneso (Dhodhekánisos, "doze ilhas"), Jônicas e a ilha de Creta; todo o litoral egeu da Anatólia e o sul da Itália (Magna Grécia) também fazem parte da geografia grega.[2]
[editar] Cronologia
Os gregos originaram-se de povos que migraram para a península balcânica em diversas ondas, no início do milênio II a.C.: aqueus, jônicos, eólicos e dóricos.[2]
As populações invasoras são em geral conhecidas como "helênicas", pois
sua organização de clãs fundamentava-se, na crença de que descendiam do
herói Heleno, filho de Deucalião e Pirra.[4]
|
|
|
|
|
|
|
Heleno | ||||||||||||||||||||||||||||||||
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
||||||||||||||||||||||
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
||||||||||||||||||||||||
Doro |
|
|
|
|
Xuto |
|
|
|
Éolo |
|
|
|
|||||||||||||||||||||||||||
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
||||||||||||||||||||
|
|
|
|
|
|
|
|||||||||||||||||||||||||||||||||
|
|
|
|
|
Aqueu |
|
|
Ion |
|
|
|
|
|
||||||||||||||||||||||||||
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|||||||||||||||||||||
dórios |
|
aqueus |
|
|
jônios |
|
eólios | ||||||||||||||||||||||||||||||||
[editar] Períodos
- Pré-Homérico (2000-1 100 a.C.) — período caracterizado pela penetração de povos indo-europeus na Grécia: aqueus (2000-1 200 a.C.), eólios (1 700 a.C.) e Jônios (1 700 a.C.); civilização minoica continua a prosperar (3000 - 1 400 a.C.) e a civilização micênica é formada (1600-1 200 a.C.); dóricos invadem a Hélade no final do período (1 200 a.C.)[5]
- Homérico ou Idade Média Grega (1100-800 a.C.) — período marcado pela ruralização, ausência de escrita e formação dos genos; período da criação das obras de Homero, Ilíada e Odisseia.[2]
- Arcaico (800-500 a.C.) — Há a formação da pólis, a colonização grega, o aparecimento do alfabeto fonético além de progresso econômico com a expansão da divisão do trabalho, do comércio e da indústria.[6][7]
- Clássico ou Século de Péricles (500-338 a.C.) — período marcado pelo divisão bipolar da Grécia sob a égide de duas potências: Esparta (com a Liga do Peloponeso) e Atenas (com a Liga de Delos. Além disso ocorreram nesse período as famosas Guerras Médicas e a Guerra do Peloponeso que decidiram os rumos políticos da Grécia.[8] No final do período Tebas assume o controle político da Grécia, no entanto, este poder logo lhe é tomado pela expansão macedônica que termina com a anexação grega em 338 a.C. sob Filipe II da Macedónia.[9]
- Helenístico (338 - 146 a.C.) — fase marcada pela crise da pólis, conquista do Império Aquemênida e expansão cultural helenística.[9]
[editar] História
[editar] Civilização minoica
A civilização minoica surgiu durante a Idade do Bronze Grega em Creta e floresceu de aproximadamente do século XXX ao XV a.C.[10] O termo "minoico" foi cunhado por Arthur Evans, seu redescobridor, e deriva do nome do rei mítico "Minos".[11] Arthur Evans e Nicolaos Platon,
importantes arqueólogos minoicos, desenvolveram dois tipos de
periodização para a civilização: Evans se baseou nos estilos de
cerãmica produzidos criando assim três períodos, o Minoano Antigo, o
Médio e o Recente; Platon baseou-se no desenvolvimento dos palácios
minoicos o que gerou os períodos pré-palaciano, protopalaciano,
neopalaciano e pós-palaciano.
Como resultado do comércio com o Egeu e Mediterrâneo,
no Minoano Antigo, os minoicos viveram uma transição de uma economia
agrícola para adentrar noutras economias, o resultado do comércio
marítimo com outras regiões do Egeu e Mediterrâneo Ocidental.[12] Com a utilização de metais, houve o aumento das transações com os países produtores: os minoicos procuravam cobre do Chipre, ouro do Egito, prata e obsidiana das Cíclades.[13] Os portos estavam crescendo tornando-se grandes centros sob influência do aumento das atividades comerciais com a Ásia Menor, sendo que a parte oriental da ilha mostra a preponderância do período.[14] Centros na parte oriental (Vasiliki e Malia)
começam a notabilizar-se e sua influência irradia-se ao longo da ilha
dando origem a novos centros; aldeias e pequenas cidades tornaram-se
abundantes e as fazendas isoladas são raras.[15]
No final do milênio III a.C., várias localidades na ilha desenvolveram-se em centros de comércio e trabalho manual, devido a introdução do torno na cerâmica e na metalurgia de bronze, a qual se acrescenta um aumento da população (densamente povoada), especialmente no centro-oeste.[12] Além disso, o estanho da Península Ibérica e Gália, assim como o comércio com a Sicília e Mar Adriático
começaram a frear o comércio oriental. No âmbito da agricultura , é
conhecido através das escavações que quase todas as espécies conhecidas
de cereais e leguminosas são cultivados e todos os produtos agrícolas
ainda hoje conhecidos como o vinho e uvas,[16] óleo e azeitonas, já ocorriam nessa época.[17] O uso da tração animal na agricultura é introduzida.[18]
Em torno de 2 000 a.C. foram construídos os primeiros palácios minoicos (Cnossos, Malia e Festos),[12] sendo estes a principal mudança do minoano médio.[19]
Como resultado, houve a centralização do poder em alguns centros, o que
impulsionou o desenvolvimento econômico e social. Estes centros foram
erigidos nas planícies mais férteis da ilha, permitindo que seus
proprietários acumulassem riquezas, especialmente agrícolas, como
evidenciados pelos grandes armazéns para produtos agrícolas encontrados
nos palácios. O sistema social era provavelmente teocrático, sendo o rei de cada palácio o chefe supremo oficial e religioso.[20]
A realização de trabalhos importantes são indícios de que os minoicos
tinham uma divisão bem sucedida do trabalho, e tinham uma grande
quantidade deles. Um sistema burocrático e a necessidade de melhor
controle de entrada e saída de mercadorias, além de uma possível
economia baseada em um sistema escravista, formaram as bases sólidas
para esta civilização.[21]
Com o tempo o poder dos centros orientais começa a eclipsar, sendo
estes substituídos pelo ascendente poderio dos centros interioranos e
ocidentais. Isto ocorreu, principalmente, por distúrbios políticos na
Ásia (invasão cassita na Babilônia, expansão hitita e invasão hicsa no Egito) que enfraqueceram o mercado oriental, motivando um maior contato com a Grécia continental e as Cíclades.[22]
No final do período MMII (1750 - 1 700 a.C.), houve uma grande perturbação em Creta, provavelmente um terremoto,[23] ou possivelmente uma invasão da Anatólia.[24] A teoria do terremoto é sustentada pela descoberta do templo de Anemospilia
pelo arqueólogo Sakelarakis, no qual foram encontrados os corpos de
três pessoas (uma delas vítima de um sacrifício humano) que foram
surpreendidas pelo desabamento do templo.[25] Outra teoria é que havia um conflito dentro de Creta, e Cnossos saiu vitorioso.[26] Os palácios de Cnossos, Festos, Malia e Zakros foram destruídos.[27] Mas, com o início do período neopalaciano, a população voltou a crescer,[28][29] os palácios foram reconstruídos em larga escala[30] (no entanto, menores que os anteriores[31]) e novos assentamentos foram construídos por toda a ilha, especialmente grandes propriedades rurais.[32]
Este período (séculos XVII e XVI a.C., MM III/neopalaciano) representa o apogeu da civilização minoica.[26]
Os centros administrativos controlavam extensos territórios, fruto da
melhoria e desenvolvimento das comunicações terrestres e marítimas,
mediante a construção de estradas e portos, e de navios mercantes que
navegavam com produções artísticas e agrícolas, que eram trocadas por
matérias-primas.[20] Entre 1700 e 1 450 a.C., a monarquia de Cnossos
deteve a supremacia da ilha. Essa monarquia, apoiada, pela elite
mercantil surgida em decorrência do intenso comércio, criou um imperio
comercial marítimo, a talassocracia.[33][34] Após cerca de 1 700 a.C., a cultura material do continente grego alcançou um novo nível, devido a influência minoica.[35] Importações de cerâmicas do Egito, Síria, Biblos e Ugarit demonstram ligações entre Creta e esses países.[36] Os hieróglifos egípcios serviram de modelo para a escrita pictográfica minoica, a partir da qual os famosos sistemas de escrita Linear A e B mais tarde desenvolveram-se.[37]
A erupção do vulcão Thera (atual Santorini) foi implacável para o rumo de Creta.[38] A erupção foi datada como tendo ocorrido entre 1639 e 1 616 a.C., por meio de datação por radiocarbono;[39] em 1 628 a.C. por dendrocronologia;[40] e entre 1530 - 1 500 a.C. pela arqueologia.[41]
O leste da ilha foi alcançado por nuvens e chuva de cinzas que
possivelmente alastraram gases nocivos que intoxicaram muitos seres
vivos, além de terem causado mudanças climáticas e tsunamis, o que possivelmente fez com que Creta se tornasse polo de refugiados provenientes das Cíclades, o que minou, juntamente com os cataclismos naturais prévios, a estabilidade da ilha.[42] Além disso, a destruição do assentamento minoico em Thera (conhecido como Akrotiri) poderia ter impactado, mesmo que indiretamente, o comércio minoico com o norte.[43] Em torno de 1 550 a.C., um novo abalo sísmico consecutivo às catástrofes do Santorini,
destruiu outra vez os palácios minoicos, no entanto, estes foram
novamente reconstruídos e foram feitos ainda maiores do que os
anteriores.[35][30]
Em torno de 1 450 a.C., a
civilização minoica experimentou uma reviravolta, devido a uma
catástrofe natural, possivelmente um terremoto. Outra erupção do vulcão
Thera tem sido associada a esta queda, mas a datação e implicações
permanecem controversas. Vários palácios importantes em locais como Malia, Talyssos, Festos, Hagia Triada bem como os alojamentos de Cnossos foram destruídos. Durante o MRIIIB a ilha foi invadida pelos aqueus da civilização micênica.[30] Os sítios dos palácios minoicos foram ocupados pelos micênicos em torno de 1 420 a.C.[44] (1 375 a.C. de acordo com outras fontes[35]).
[editar] Civilização micênica
Os minoicos viriam a influenciar a história da Grécia através dos
micênicos, que adoptam aspectos da cultura minoica. O nome "micénico"
foi criado por Heinrich Schliemann com base nos estudos que fez no sítio de Micenas, no nordeste do Peloponeso, onde outrora se erguia um grande palácio e uma das principais cidades além de Tirinto, Tebas e Esparta. Julga-se que os micênicos se chamariam a si próprios aqueus. De acordo com vários historiadores, os micênios eram chamados de Ahhiyawa pelos hititas.[45] A sua civilização floresceu entre 1600 e 1 200 a.C.
Os micênicos já falavam grego. Não tinham uma unidade política,
existindo vários reinos micénicos. À semelhança dos minoicos, o centro
político encontrava-se no palácio, cujas paredes também estavam
decoradas com afrescos[carece de fontes ].
Para além de praticarem o comércio, os micênicos eram amantes da guerra e da caça. Por volta de 1 400 a.C. os micênicos teriam ocupado Cnossos, centro da cultura minoica.
Por volta de 1 250 a.C. o mundo micénico entra em declínio, o que estaria relacionado com a decadência do reino hitita no Oriente Próximo[carece de fontes ], que teria provocado a queda das rotas comerciais. Sua decadência envolveu também guerras internas[carece de fontes ]. É provável que a destruição da cidade de Tróia, facto que se teria verificado entre 1230 e 1 180 a.C., possa estar relacionado com o relato literário de Homero na Ilíada, escrita séculos depois.
[editar] Idade das Trevas
Dá-se o nome de Idade das Trevas ao período que se seguiu ao fim da civilização micénica e que se situa entre 1100 e 800 a.C. Durante este período perdeu-se o conhecimento da escrita, que só seria readquirido no século VIII a.C..
Os objectos de luxo produzidos durante a era micénica não são mais
fabricados neste período. A designação atribuída ao período encontra-se
relacionada não apenas com a decadência civilizacional, mas também com
as escassas fontes para o conhecimento da época.
Outro dos fenómenos que se verificou durante este período foi o da
diminuição populacional, não sendo conhecidas as razões exactas que o
possam explicar. Para além disso, as populações também se movimentam,
abandonando antigos povoados para se fixarem em locais que ofereciam
melhores condições de segurança.
[editar] Período Arcaico
O Período Arcaico tem como balizas temporais tradicionais a data de 776 a.C., ano da realização dos primeiros Jogos Olímpicos, e 480 a.C., data da Batalha de Salamina. A Grécia era ainda dividida em pequenas províncias com autonomia, em razão das condições topográficas da região: cada planície, vale ou ilha é isolada de outra por cadeias de montanhas ou pelo oceano.
A origem das cidades gregas remonta à própria organização dos invasores, especialmente dos aqueus, que se agrupavam nos chamados ghené (ghenos, no singular). Os ghené eram essencialmente comunidades tribais que cultuavam seus deuses na acrópole
(local elevado). A vida econômica dessas grandes famílias era, a
princípio, baseada em laços de parentesco e cooperação social. A terra,
a colheita e o rebanho pertenciam à comunidade. Havia uma liderança
política na figura do pater, um membro mais velho e respeitado. Diversos ghené agrupavam-se em fratarias, e diversas fratarias em tribos.
Com a recuperação econômica após o interlúdio dórico, a população grega cresceu além da capacidade de produção das terras cultiváveis[carece de fontes ].
Diante desse desequilíbrio, e procurando garantir melhores condições de
vida, alguns grupos teriam se destacado, passando a manejar armas e a
ter domínio sobre as melhores terras e rebanhos. Esses grupos
acumularam riqueza, poder e propriedade como resultado da divisão
desigual das terras do ghené, considerando-se os melhores — aristoi, em grego. Assim, foram diferenciando-se da maioria da população e dissolvendo a vida comunitária do ghené. Essas transformações sociais estavam na origem da formação da pólis, a cidade grega. A partir de 750 a.C. os gregos iniciaram um longo processo de expansão, firmando colônias
em várias regiões, como Sicília e sul da Itália, no sul da França, na
costa da Península Ibérica, no norte de África e nas costas do mar
Negro. Entre os séculos VIII e VI a.C. fundaram aí novas cidades, as colônias, as quais chamavam de apoíkias—; palavra que pode ser traduzida por nova casa.
São muitas as causas apontadas pelos historiadores para explicar
essa expansão colonizadora grega. Grande parte dessas causas
relaciona-se a questões sociais originadas por problemas de posse de
terra e dificuldades na agricultura[carece de fontes ].
As melhores terras eram dominadas por famílias ricas (os aristoi, também conhecidos por eupátridas - bem nascidos). A maioria dos camponeses (georgoi)
cultivava solos pobres cuja produção de alimentos era insuficiente para
atender às necessidades de uma população em crescimento. Uma terceira
classe, que não possuía terras, dedicar-se-íam, mais tarde, ao
comércio; eram chamados de thetas, marginais. Para fugir à
miséria, muitos gregos migravam em busca de terras para plantar e de
melhores condições de vida, fundando novas cidades. Assim, no primeiro
momento, a principal atividade econômica das colônias gregas foi a
agricultura. Posteriormente, muitas colônias transformaram-se em
centros comerciais, dispondo de portos estratégicos para as rotas de navegação.
A Hélade começa a dominar lingüística e culturalmente uma área maior do que o limite geográfico
da Grécia. As colônias não eram controladas politicamente pelas cidades
que as fundavam, apesar de manterem vínculos religiosos e comerciais
com aquelas. Predominava entre os gregos sempre a organização de
comunidades independentes, e a cidade (cada uma desenvolveu seu próprio
sistema de governo, leis, calendário e moeda) tornou-se a unidade básica do governo grego.
[editar] Consequências da colonização
Socialmente, a colonização do mar Mediterrâneo
pelos gregos resultou no desenvolvimento de uma classe rica formada por
mercadores (o comércio internacional desenvolvera-se a partir de então)
e de uma grande classe média de trabalhadores assalariados, artesãos e
armadores. Culturalmente, os gregos realizaram intercâmbios com outros
povos.Na economia, a indústria naval se desenvolveu, obviamente,
passando a consumir crescente quantidade de madeira das florestas
gregas.
As evidências arquelógicas indicam que o padrão de vida na Grécia
melhorou acentuadamente (o tamanho médio das área do primeiro andar de
residências encontradas por arqueólogos aumentou 5 vezes, de 55 metros
quadrados para 230 metros quadrados); a expectativa de vida e a
estatura média também mostram evidências de melhoria.[46] A população aumentou de 600.000 no século VIII a.C. para em torno de 9 milhões, no IV a.C.[47].
E tudo isso fez com que no século IV, a Grécia já possuísse a economia
mais avançada do mundo e com um nível de desenvolvimento extremamente
raro para uma economia pré-industrial, estando em vantagem em alguns
pontos se comparada com as economias mais avançadas antes da Revolução Industrial, os países baixos do século XVII e a Inglaterra do século XVIII.[48] Apesar disso, houve concentração fundiária, em algumas cidades essa concentração levou a revoltas e tiranias,
em outras a aristocracia manteve o controle graças a legisladores
inclementes. Outras cidades permaneceram relativamente igualitárias na
distribuição das terras, em Atenas é estimado que entre 7,5-9% dos
cidadãos, o grupo abastado, fossem proprietários de 30-35% de todas as
terras, e 20% dos cidadãos tinham pouca ou nenhuma terra e os restantes
70-75% dos cidadãos eram proprietários de 60-65% das terras[48], uma distribuição com índice Gini menor do que a renda dos EUA hoje e comparável à distribuição de renda de Portugal.
[editar] Período Clássico
[editar] Guerras Médicas
O Período Clássico estende-se entre 500 e 338 a.C. e é dominado por Esparta e Atenas. Cada um destas Pólis desenvolveu o seu modelo político (a oligarquia militarista em Esparta e a democracia aristocrata em Atenas).
Ao nível externo verifica-se a ascensão do Império Aquemênida quando Ciro II
conquista o reino dos medos. O Império Aquemênida prossegue uma
política expansionista e conquista as cidades gregas da costa da Ásia Menor.
Atenas e Erétria apoiam a revolta das cidades gregas contra o domínio
persa, mas este apoio revela-se insuficiente já que os jónios são
derrotados: Mileto é tomada e arrasada e muitos jónios decidem fugir
para as colónias do Ocidente. O comportamento de Atenas iria gerar uma
reacção persa e esteve na origem das Guerras Médicas (490-479 a.C.).
Em 490 a.C. a Ática é invadida pelas forças persas de Dario I, que já tinham passado por Erétria,
destruindo esta cidade. O encontro entre atenienses e persas ocorre em
Maratona, saldando-se na vitória dos atenienses, apesar de estarem em
desvantagem numérica.
Dario prepara a desforra, mas falece em 485 a.C., deixando a tarefa ao seu filho Xerxes I que invadiu a Grécia em 480 a.C.
Perante a invasão, os gregos decidem esquecer as diferenças entre si e
estabelecem uma aliança composta por 31 cidades, entre as quais Atenas
e Esparta, tendo sido atribuída a esta última o comando das operações
militares por terra e pelo mar. As forças espartanas lideradas pelo rei
Leónidas I conseguem temporariamente bloquear os persas na Batalha das Termópilas, mas tal não impede a invasão da Ática. O general Temístocles
tinha optado por evacuar a população da Ática para Salamina e sob a
direcção desta figura Atenas consegue uma vitória sobre os Persas em
Salamina. Em 479 a.C. os gregos confirmam a sua vitória desta feita na Batalha de Platéias. A frota persa foge para o mar Egeu, onde em 478 a.C. é vencida em Mícale.
[editar] Guerra do Peloponeso
Com o fim das Guerras Médicas, e em resultado da sua participação decisiva no conflito, Atenas torna-se uma cidade poderosa, que passa a intervir nos assuntos do mundo grego. Esparta
e Atenas distanciam-se e entram em rivalidade, encabeçando cada um
delas uma aliança política e militar: no caso de Esparta era a Liga do Peloponeso e no caso de Atenas a Liga de Delos. Esta última foi fundada em 477 a.C.
e era composta essencialmente por estados marítimos que encontravam-se
próximos do mar Egeu, que temiam uma nova investida persa. O centro
administrativo da liga era a ilha de Delos.
Para poder atingir o seus objectivos a Liga precisava possuir uma
frota. Os seus membros poderiam contribuir para a formação desta com
navios ou dinheiro, tendo muitos estados optado pela última opção. Com
o tempo Atenas afirma-se como o estado mais forte da liga, facto
simbolizado com a transferência do tesouro de Delos para Atenas em 454 a.C..
Os Atenienses passam a considerar qualquer secessão da Liga como um
acto de traição e punem os estados que tentam fazê-lo. Esparta
aproveita este clima para realizar a sua propaganda.
As relações entre as duas póleis atingem o grau de saturação em 431 a.C., ano em que se inicia a guerra. As causas para esta guerra, cuja principal fonte para o seu conhecimento é o historiador Tucídides, são essencialmente três. Antes do conflito Atenas prestara ajuda a Córcira, ilha do mar Jónio fundada por Corinto
(aliada de Esparta), mas que era completamente independente. Atenas
também decretara sanções económicas contra Mégara, justificadas com
base em uma alegada transgressão de solo sagrado entre Mégara
e Atenas. Para além disso, Atenas realiza um bloqueio naval à cidade de
Potideia, no norte da Grécia, sua antiga aliada que se revoltara e
pedira ajuda a Corinto[carece de fontes ].
Esparta lança um ultimato a Atenas: deve levantar as sanções a Mégara e suspender o bloqueio a Potideia. Péricles
consegue convencer a Assembleia a rejeitar o ultimato e a guerra
começa. Os Atenienses adoptam a estratégia proposta por Péricles, que
advogava que a população dos campos se concentrasse no interior das
muralhas de Atenas; os alimentos e os recursos chegariam através do
porto do Pireu. Contudo, a estratégia teve um resultado imprevisível: a
concentração da população, aliada a condições de baixa higiene provocou a peste que atingiu ricos e pobres e o próprio Péricles. A guerra continuou até 422 a.C. ano em que Atenas é derrotada em Anfípolis. Na batalha morrem o general espartano Brásidas e o ateniense Cléon, ficando o ateniense Nícias em condições de estabelecer a paz (Paz de Nícias, 421 a.C.).
Apesar do suposto cessar das hostilidades, entre 421 e 414 as duas
póleis continuam a combater, não directamente entre si, mas através do
seus aliados, como demonstra a ajuda secreta dada a Argos por Atenas.
Em 415 a.C.Alcibíades
convenceu a Assembleia de Atenas a lançar um ataque contra Siracusa,
uma aliada de Esparta, em expedição que se revelou um fracasso. Com a
ajuda monetária dos Persas, Esparta construiu uma frota, que foi
decisiva para vencer a guerra. Na Primavera de 404 a.C. Atenas rende-se.
Esse foi um tempo em que o mundo grego prosperou, com o
fortalecimento das cidades-Estado e a produção de obras que marcariam
profundamente a cultura e a mentalidade ocidental, mas foi também o
período em que o mundo grego viu-se envolvido em longas e prolongadas
guerras.
[editar] Ascensão da Macedónia
O reino da Macedónia, situado a norte da Grécia, emerge em meados do século IV a.C.
como nova potência. Os macedónios que não falavam o grego e não
adoptaram o modelo político dos gregos, eram vistos por estes como
bárbaros. Apesar disso, muitos nobres macedónios aderiram à cultura
grega, tendo a Macedónia sido responsável pela difusão da cultura grega
em novos territórios.
Durante o reinado de Filipe II da Macedónia o exército macedónio adopta técnicas militares superiores, que aliadas à diplomacia e à corrupção, vão permitir-lhe a dominar as cidades da Grécia[carece de fontes ]. Nestas formam-se partidos favoráveis a Filipe, mas igualmente partidos que se opõem aos Macedónios. Em 338 a.C. Filipe e o seu filho, Alexandre, o Grande, derrotam uma coligação grega em Queroneia,
desta forma colocando a Grécia continental sob domínio macedónio.
Filipe organiza então a Grécia em uma confederação, a Assembleia de
Corinto, procurando unir os gregos com um objectivo comum: conquistar o
Império Persa como forma de vingar pela invasão de 480 a.C[carece de fontes ]. Contudo, Filipe viria a ser assassinado por um nobre macedónio em Julho de 336 a.C., tendo sido sucedido pelo seu filho Alexandre.
Alexandre concretizou o objectivo do pai, através da vitória nas batalhas de Granico, Isso e Gaugamela,
marchando até à Índia. No regresso, Alexandre era senhor de um vasto
império que ia da Ásia Menor ao Afeganistão, passando pelo Egipto.
Alexandre faleceu de forma prematura (possivelmente de malária[carece de fontes ]) na Babilónia em 323 a.C.
[editar] Período Helenístico
Após a morte de Alexandre, os seus generais lutaram entre si pela
posse do império. As cidades gregas aproveitam a situação para se
livrarem do domínio macedónio, mas foram subjugadas por Antípatro na Guerra Lamíaca (323-322 a.C).
Nenhum dos generais de Alexandre conseguiu reunir o império sob o
seu poder. Em vez disso, nasceram vários reinos que seguiriam percursos
diferentes: Antígono fundou um reino que compreendia a Macedónia, a Grécia e partes da Ásia Menor; Seleuco, estabeleceu um vasto reino que ia da Babilónia ao Afeganistão e Ptolemeu torna-se rei do Egipto.
[editar] Sociedade e organização política
São inúmeras as diferenças entre a Grécia moderna e a Grécia Antiga.
O mundo grego antigo estendia-se por uma área muito maior do que o
território grego atual. Além disso, há outra diferença básica. Hoje, a
Grécia constitui um país, cujo nome oficial é República Helênica. Já a
Grécia Antiga nunca foi um estado unificado com governo único. Era um
conjunto de cidades-estado
independentes entre si, com características próprias embora a maioria
das cidades-estado tivessem seus sistemas econômicos parecidos,
excluindo-se de Esparta.
[editar] A cidade-estado grega
Desde o século VIII a.C.,
formaram-se pela Grécia Antiga diversas cidades independentes. Em razão
disso, cada uma delas desenvolveu seu próprio sistema de governo, suas
leis, seu calendário, sua moeda. Essas cidades eram chamadas de pólis, palavra grega que costuma ser traduzida por cidade-estado.
De modo geral, a pólis reunia um agrupamento humano que
habitava um território cuja extensão geralmente variava entre algumas
centenas de quilômetros quadrados e 10.000 km²[47].
Compreendia uma área urbana e outra rural. Atenas, por exemplo, tinha
2.500 km², Siracusa tinha 5.500 km² e Esparta se estendia por 7.500 km²[47]. A área urbana freqüentemente se estabelecia em torno de uma colina fortificada denominada acrópole (do grego akrós, alta e pólis, cidade).
Nessa área concentrava-se o centro comercial e a manufatura. Ali,
muitos artesãos e operários produziam tecidos, roupas, sandálias,
armas, ferramentas, artigos em cerâmica e vidro. Na área rural a população dedicava-se às atividades agropastoris: cultivo de oliveiras, videiras, trigo, cevada e criação de rebanhos de cabras, ovelhas, porcos e cavalos. Este agrupamento visava atingir e manter uma completa autonomia política e social para com as outras poleis gregas, embora existisse muito comércio e divisão de trabalho entre as cidade gregas. É estimado que Atenas importava 2/3 à 3/4[46] de seus alimentos e exportava azeite, chumbo, prata, bronze, cerâmica e vinho. No mundo grego encontramos muitas pólis, dentre as mais famosas, temos Messênia, Tebas, Mégara e Erétria. É estimado que seu número tenha chegado a mais de mil no séculoIV a.C.[47].
A maioria das pólis gregas eram pequenas, com populações de aproximadamente 20 mil habitantes[47] ou menos na sua área urbana. Contudo, as principais cidades eram bem maiores, no século IV a.C., estando entre elas Atenas, com estimados 170 mil habitantes, Siracusa com aproximadamente 125 mil habitantes e Esparta com apenas 40 mil habitantes.
Atenas era a maior e mais rica cidade da Grécia Antiga durante os séculos V e IV a.C.
Existem relatos da época que reportam um volume comercial externo (soma
das importações e exportações das cidades do império ateniense) da
ordem de 180 milhões de dracmas áticos, valor duas ou três vezes superior ao orçamento do Império Aquemênica na mesma época.[49]
[editar] Cultura
Os gregos tinham conflitos e diferenças entre si, mas muitos
elementos culturais em comum. Falavam a mesma língua (apesar dos
diferentes dialetos e sotaques) e tinham religião comum, que se manifestava na crença nos mesmos deuses. Em função disso, reconheciam-se como helenos (gregos) e chamavam de bárbaros
os estrangeiros que não falavam sua língua e não tinham seus costumes,
ou seja, os povos que não pertenciam ao mundo grego (Hélade).
[editar] Educação em Atenas
Em Atenas, apesar das mulheres também serem educadas para as tarefas
de mãe e esposa, a educação era tratada de outra forma, pois até mesmo
nas classes mais pobres da sociedade ateniense encontrava-se homens
alfabetizados. Eles eram instruídos para cuidarem não só da mente como
também do corpo, o que lhes dava vantagem na hora da guerra, pois eram
tão bons guerreiros quanto eram estrategistas.[carece de fontes ]
Os meninos, quando ainda pequenos - aos sete anos de idade -, já começavam suas instruções na escola e em suas próprias casas. O Pedagogo - um escravo especial - eram escolhidos a orientá-los. Antigos poetas como Homero eram citados em suas aprendizagens.
[editar] Jogos Olímpicos
Um exemplo de atividade cultural comum entre os gregos foram os Jogos Olímpicos. A partir de 776 a.C., de quatro em quatro anos, os gregos das mais diversas cidades reuniam-se em Olímpia para a realização de um festival de competições. Esse festival ficou conhecido como Jogos Olímpicos. Os jogos olímpicos eram realizados em honra a Zeus (o mais importante deus grego) e incluíam provas de diversas modalidades esportivas: corridas, saltos, arremesso de disco, lutas corporais. Além do esporte havia também competições musicais e poéticas.
Os Jogos Olímpicos eram anunciados por todo o mundo grego dez meses
antes de sua realização. Os gregos atribuíam tamanha importância a
essas competições que chegavam a interromper guerras entre cidades
(trégua sagrada) para não prejudicar a realização dos jogos. Pessoas
dos lugares mais distantes iam a Olímpia a fim de assistir aos jogos.
Havia, entretanto, proibição à participação das mulheres, seja como
esportistas, seja como espectadoras.
[editar] Arte
Um dos mais expressivos monumentos do período antigo é o Partenon, templo com colunas dóricas, construído entre 447 e 438 a.C. na acrópole de Atenas, e dedicado à padroeira da cidade, Athenea Párthenos. A construção foi projetada pelos arquitetos Calícrates e Ictinos, e é comandada por Fídias. Suas linhas arquitetônicas serviram de inspiração para a construção de muitos outros edifícios em todo o mundo.
[editar] Religião
Os gregos praticavam um culto politeísta antropomórfico, em que os
deuses poderiam se envolver em aventuras fantásticas, tendo, também, a
participação de heróis (Hércules, Teseu, Perseu, Édipo)
que eram considerados divinos. Não havia dogmas e os deuses possuíam
tanto virtudes quanto defeitos, o que os assemelhava aos mortais no
aspecto de personalidade. Para relatar os feitos dos deuses e dos
heróis, os gregos criaram uma rica Mitologia.
Normalmente, as cerimônias públicas, mesmo de cunho político, eram
antecedidas por práticas religiosas, o que reflete a importância da religião entre os gregos antigos. Mas essa religião foi superada pela Filosofia.
Apesar da autonomia política das cidades-estados, os gregos estavam
unificados em termos religiosos. Entre as divindades cultuadas estavam:
Zeus (senhor dos deuses), Hades (deus do mundo inferior), Deméter (deusa da agricultura), Posídon (deus do mar), Afrodite (deusa do amor), Apolo (deus do sol e das artes), Dionísio (deus do vinho), Atena (deusa da sabedoria), Artêmis (deusa da caça e da lua), Hermes (deus das comunicações), Hera (protetora das mulheres) e muitas outras.
Além dos grandes santuários como os de Delfos, Olímpia e Epidauro, havia os oráculos
que também recebiam grandes multidões, pois lá se acreditava receber
mensagens diretamente dos deuses. Um exemplo claro estava no Oráculo de Delfos, onde uma pitonisa
(sacerdotisa do templo de Apolo) entrava em transe e pronunciava
palavras sem nexo que eram interpretadas pelos sacerdotes, revelando o
futuro dos peregrinos.
Outro fato muito interessante era a existência dos homogloditas, um
pequeno povo que vivia nas áreas litoranas do rio mediterrâneo, eles
utilizavam a argila para a construção de estatuetas como uma oferenda
aos deuses gregos, geralmente ao Dionísio, deus da humildade e da realeza.
Nenhum comentário:
Postar um comentário