domingo, 16 de dezembro de 2018

8 DE AGOSTO - PALAVRAS DE FÉ E VIDA

13/08/2016

XX Domingo do Tempo Comum, 14 de agosto de 2016

Lc 12,49-53

1. "Eu vim para lançar fogo sobre a terra" - o fogo significa o juízo de Deus, no sentido de purificar e consumir (cf. Lc 17,29-30). Vê-se também a questão do Espírito Santo, que vem como que línguas de fogo (cf. Lc 3,16; At 2,3.19). Não cabe aqui a forma de pensar de alguns falsos cristãos que entendem o fogo como forma de destruição do “outro pecador”, daquele que não fez ainda uma escolha por Jesus. É a mesma lógica daqueles que queriam arrancar o jôio antes do momento da colheita. Nesse mentalidade, cabe um “dilúvio” de fogo, um dia para o fogo destruir tudo (cf. Sf 1,18; 3,8). O que se quer aqui não é a destruição das pessoas, mas do pecado, do mal que destrói o homem. O fogo que Jesus quis trazer é aquele que purifica e, ao mesmo tempo, salva. Entende-se por Sua Palavra, Sua Mensagem e Seu Espírito.

2. "Devo receber um batismo, e como estou ansioso até que isto se cumpra!" - aqui faz referência ao mergulho na morte do próprio Jesus (cf. Sl 124,4-5). Tal realidade indicará o banho de regeneração dos que nascem para Deus pelo batismo, para formar o novo povo de Deus (cf. At 1,5; 2,38; 2Pd 2,5-6). A morte de Jesus é um juízo de Deus para o mundo: é vitória que salva e condena. É salvação para todos os que se abriram ao amor de Deus; é condenação para os que não deram importância ao dom de Si mesmo para o bem deles, e ainda o abandonaram, desprezando-o como uma praga.

3. Jesus vem como um "fogo que devora, como uma torrente que transborda" (cf. Is 30,27-28.30), de modo que não se pode entender outra coisa senão o juízo de Deus para a humanidade. Desde a encarnação, a ação de Deus é decisiva para todos. Em si mesmo, o Filho de Deus julga o mundo. No seu esvaziamento, nas palavras proferidas, no modo como atende as pessoas, na sua forma de ser profeta, na morte e ressurreição. Toda a vida de Jesus Cristo exige uma escolha absoluta. Diante dele não se pode ficar "em cima do muro": ou se coloca a favor ou contra. Então, a morte de Jesus torna presente mais diretamente esse juízo de Deus, mostrando-o como que um fogo que devora.

4. Lendo dessa forma, percebemos porque a presença de Jesus indica claramente a divisão. Sendo Ele a paz, não pretende estabelecer no mundo uma paz de acordos políticos, de ausências de conflitos em nome da fama e do calar-se diante das injustiças do mundo, ou mesmo pra não ferir A ou B. A paz que Jesus carrega consigo é fruto de uma escolha decisiva e, por isso mesmo, absoluta, e Ele deve ser o escolhido. Não haverá paz verdadeira fora DELE. Nesse caso, a divisão não se dá por meio de jogo de interesse de uns contra os outros, mas por causa da Verdade, do Bem maior, da própria salvação. E isso não deve causar nem espanto nem medo. Muitos não querendo abraçar tal realidade criam problemas, afastam-se, talvez até mesmo isolando-se. Quem, de fato, teve um verdadeiro encontro com Jesus, não deseja voltar ao passado jamais. Em nome de Jesus, o que não é verdade é descartado. A escolha por Jesus permite ao homem enxergar o mundo com os olhos de Deus.

Um forte e carinhoso abraço.

Pe. José Erinaldo
Escrito por Pe. José Erinaldo às 11h51
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12/08/2016

Sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Mt 19,3-12

1. Os fariseus querem desmoralizar Jesus. Para isso propõem a questão da liceidade do repúdio à mulher (Dt 24,1). Além disso, eles tentam gerar um confronto entre Jesus e Moisés, posto que este permitiu o divórcio. Sendo Moisés a figura mais importante no judaísmo, então Jesus, facilmente, seria desprezado. Jesus, por sua vez, sai dessa armadilha e nela coloca-os, deixando-os no confronto com Moisés, quando afirma: "Moisés vos permitiu divorciar-se das vossas mulheres porque sois DUROS DE CORAÇÃO". Segundo Jesus, a permissão dada por Moisés tinha como motivo a incapacidade de entendimento dos homens de sua época. Ao dizer isso, Jesus está, de certo modo, ratificando a ignorância dos fariseus muitos séculos depois. Quer dizer, eles continuam incompreensíveis, desumanos, não convertidos, atados aos seus instintos e não à vontade de Deus. Por causa desse coração empedernido, continuam cegos diante do que Deus realmente deseja.

2. A eles, Jesus explica o que Deus estabeleceu desde o início: "Não lestes que no princípio o Criador os criou homem e mulher e disse: Por isso o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher e os dois se tornarão um só ser? Assim não são mais dois, mas um. Pois bem, O HOMEM NÃO DEVE SEPARAR AQUILO QUE DEUS UNIU". Ou seja, a indissolubilidade não depende da vontade humana, mas da unidade estabelecida por Deus. Certamente, deve-se ter conhecimento da verdade desse casamento. Há motivos claros de casamentos não concretizados perante a Igreja, mesmo tendo sido celebrados com a assistências de ministros autorizados. O texto de Mt coloca um caso importante, que indica a possibilidade de um repúdio, quando se trata de πορνεια, traduzido como fornicação. Alguns traduzem como adultério, mas o termo grego para adultério é μοιχεια, de modo que não convém afirmar adultério como motivo para o divórcio com tanta facilidade, uma vez que se trata de um texto complexo. Jesus conclui, decididamente, segundo Sua autoridade pessoal, colocando, acima de tudo a vontade do Pai: "E eu vos digo: se alguém se divorcia da sua mulher por um outro motivo que não seja união ilegítima e esposa uma outra, é adúltero". 

3. E os que não se casam? Muitos acham, dentro do contexto de dureza do próprio coração, que não devem casar se é assim como Jesus fala. Em outras palavras, é como se só valesse casar se o homem pudesse fazer o que lhe interessasse somente, conservando a decisão da separação no seu poder, e não segundo a lei de Deus. Depois, para os que não são casados vem o peso dos apelidos. Era assim que eles tratavam Jesus, que era celibatário (célibe) e Seus discípulos não casados ou aqueles que largaram suas esposas para seguir o Mestre. O apelido usado em sentido pejorativo era "eunucos". Jesus responde, mostrando que existem três formas de eunucos: os que nascem já impotentes, os que se tornaram assim por intervenção cirúrgica e aqueles que se fazem eunucos (não fisicamente) por amor ao Reino dos céus. Nesse último caso, estão Jesus e seus discípulos. 

4. O texto conclui afirmando a importância dessas duas instituições: o casamento e a vida em virgindade por causa do Reino de Deus. Esta última surge como um autêntico ideal cristão na comunidade primitiva. A virgindade vai cada vez mais sendo vista como um verdadeiro sinal do Reino, um instrumento eficaz de evangelização e de entrega total a Deus. No capítulo sétimo da primeira carta aos Corinthios, Paulo enfatiza bem o valor da Virgindade consagrada. Na conclusão do texto, Mt mostra o grande passo na descoberta do valor do matrimônio e da realidade nova de se viver também a Virgindade consagrada, tendo como meta a salvação como objetivo maior.

Um forte e carinhoso abraço.


Pe. José Erinaldo
Escrito por Pe. José Erinaldo às 09h04
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11/08/2016

Quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Mt 18,21-19,1

1. Deve-se perdoar 7 ou 70 x7 vezes? Essa é uma expressão tirada de Gn 4,24. "Se Caim for vingado sete vezes, e Lamec o será setenta e sete vezes". Quer-se afirmar infinitamente. Substituindo o verbo "vingar" por "perdoar", Jesus exige que o perdão seja dado para sempre. Não existe limite para se fazer o bem, para poder dar ao outro a possibilidade de uma vida nova. Para tornar essa verdade ainda mais clara, Jesus contou a parábola do devedor.

2. Um alto funcionário devia ao seu patrão uma enorme quantia. Trata-se de um Sátrapa, alto funcionário do rei. Não tinha condições de se ver livre da dívida. Por lei, deveria ser vendido como escravo ele e sua família. Implorando ao rei, recebe deste o perdão da dívida. Duas coisas importantes aqui: primeiro, o empregado tinha contraído uma dívida impagável, que diz respeito ao pecado, que por sua vez, não tem como ser eliminado com a simples força humana, com a limitada vontade do homem. O pecado humilha o homem até o ponto de fazê-lo perder sua própria dignidade e sofrer a morte. Segundo, somente o patrão poderia resolver essa situação sem causar danos irreparáveis na vida daquele empregado. Ou seja, somente Deus pode libertar o homem, perdoar seus pecados e livrá-lo da morte. É justamente isso que o texto revela: um Deus que toma a iniciativa da libertação do pecador. O que para o homem é impossível, Deus torna possível segundo Seu amor e poder. Aqui não funciona a ideia de que com nossos esforços seremos salvos. Também não quer dizer que não haverá esforço de nossa parte, mas como resposta à atitude misericordiosa de Deus, que age a nosso favor, a fim de nos libertar e nos conduzir à comunhão com Ele. 

3. O mesmo funcionário, uma vez livre, é colocado numa prova. Alguém lhe devia uma quantia bem inferior da que ele tinha para com o rei. Houve uma súplica por um tempo, mas ele não quis escutar, não deu atenção ao grito do seu devedor e, impiedosamente, jogou-o na prisão. Também aqui há duas coisas importantes: primeiro, esse funcionário está fazendo as vezes do rei, pois tem condição de conceder o perdão ou escravizar seu devedor. Segundo, o devedor faz as vezes do funcionário, isto é, do outro irmão pecador, limitado, escravo do pecado e andarilho nas estradas da morte. Nas duas situações, houve uma súplica de perdão, na primeira houve a eliminação da dívida; na segunda, prevaleceu o interesse pessoal. Na primeira, o rei concedeu a graça de uma vida nova; na segunda, o funcionário aprisionou o dom de Deus, sendo incapaz de compreender o mistério da misericórdia divina. 

4. A ação do rei para com seu funcionário obrigava uma mesma atitude deste. A dívida dele era enorme. A do outro era muito pequena, insignificante com relação à sua para com o rei. Em outras palavras, a atitude do patrão exigia uma atitude semelhante, um fazer da própria vida um dom para o outro, um querer sempre tornar o outro capaz de uma vida nova, livre e cheia de esperanças. Aqui não se trata apenas de questões econômicas, mas de uma vida em Deus e para os irmãos. Quem não é capaz de perdoar, antes de tudo entendendo o outro na sua miséria, demonstra uma profunda incompatibilidade de vida espiritual, um distanciamento de comunhão com Cristo, uma busca por si mesmo. Resultado disso, aquele que busca a misericórdia, mas não a coloca em prática não somente mancha a Igreja, mas também não alcançará a salvação de Deus. Jesus ensina no PAI NOSSO: "Perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos têm ofendidos". 

Um forte e carinhoso abraço.


Pe. José Erinaldo
Escrito por Pe. José Erinaldo às 08h40
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10/08/2016

Quarta-feira, 10 de agosto de 2016

Jo 12,24-26

1. “Em verdade, em verdade, vos digo: se o grão de trigo não cai na terra e não morre, permanece só; se, ao contrário, morre, produz muito fruto”. Diferentemente dos evangelhos sinóticos, que identificavam a semente com a Palavra de Deus (Mt 13,3-8.31-32; Mc 4,26-29), João a identifica com o próprio Jesus e, consequentemente, com Seus discípulos. Duas coisas devem ser observadas nessa afirmação: em primeiro lugar, o fato de a semente ou grão de trigo não cair na terra e não morrer, indicando quem faz opção por si mesmo, que não deseja fazer-se um dom, que não se motiva para uma doação de si em vista de um bem maior, que não quer se preocupar com nada externo a si, pois mais importante é cuidar de si mesmo. Em segundo lugar, o fato da morte, que, contrariando qualquer forma de mentalidade mundana, produz fruto. Neste caso, vê-se uma alusão à morte de Jesus e também dos Seus discípulos. Jesus será morto, mas não será o fim, pois Sua morte dará frutos, a começar de Si mesmo, que, na sua condição humana, será glorificado. Sua morte é esvaziamento total de Si e rendenção para a humanidade. A morte dos Seus discípulos será “semente de novos cristãos”.

2. “Quem ama sua vida vai perdê-la; quem, ao contrário, odeia sua vida neste mundo, vai conservá-la para a vida eterna”. Amar aqui não significa dar valor, vendo-a no projeto de Deus, mas numa realidade de egoísmo, de apego pessoal, uma espécie de narcisismo. Odiar a própria vida não signica, por sua vez, desvalorizá-la, pelo contrário, significa tê-la em altíssimo grau de importância, mas na dependência de Deus, voltada para Deus e à disposição da vontade do Senhor. Odiar a vida, nesse contexto, é não ser apegado a si mesmo, não buscar tudo para si, mas colocar-se à disposição do desejo do Altíssimo. É, ainda, querer ser útil na prática do bem, não medir esforços para amar, ser verdadeiro, construir a paz e a justiça; é ser solidário, disponível, desapegado de si e fiel ao projeto do Pai por meio de Jesus Cristo; é ser voltado para o futuro de Deus, enfrentando a cruz sem desanimar.

3. O discípulo deve fazer de sua vida uma doação constante, uma milagre para o outro; deve ser um oásis no meio do deserto do mundo, um descanso para quem vive sobrecarregado, um consolo para quem chora, um horizonte para quem se encontra perdido, uma luz para os que vivem em trevas, um sal que, além de dar sabor e conservação, perde-se no alimento, permitindo que somente o sabor da comida apareça, uma esperança para os desanimados e um lugar de encontro salvífico.

Um forte e carinhoso abraço.

Pe. José Erinaldo
Escrito por Pe. José Erinaldo às 08h59
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09/08/2016

Terça-feira, 09 de agosto de 2016

Mt 18,1-5.10.12-14

1. Mais uma vez estamos diante do uso de uma palavra que pode colocar o discípulo na contramão de sua identidade como discípulo. Trata-se da palavra "maior". Os discípulos perguntam: "Quem é o maior no Reino dos Céus?" A questão é que muitos podem interpretar essa pergunta como se eles estivessem interessados em algum posto de honra entre eles, ou mesmo haver uma hierarquia dos lugares mais importantes, mas não é bem assim. Quando eles colocam a expressão "Reino dos Céus" dão a entender que o termo "maior" aqui se refere à "grandeza espiritual". Certamente, estão pensando a vida de comunhão com Deus nos moldes da lógica dos postos de honra do "homem velho".

2. Diante de tal pergunta, Jesus responde, exigindo duas coisas dos discípulos e de toda a Igreja: conversão e tornar-se como crianças. Converter-se quer dizer mudar de mentalidade, lançar por terra a mentalidade do "homem velho", pecador, seguidor de si mesmo e dos desejos e interesses do mundo, para entrar na mentalidade do Evangelho, na lógica trazida por Jesus Cristo. O homem que pensa com o mundo tem uma visão panorâmica da realidade e aponta somente os lugares belos, famosos e que enchem o seu prazer pessoal. Agora, há o convite a enxergar a realidade de si mesmo, do mundo e do outro a partir dele mesmo. O olhar convertido enxerga humildemente, desprovido de escórias, de seguranças humanas, de interesses mundanos, procura ser simples, pobre, desapegado de tudo e de todos, confiante. É aquele olhar que atinge o âmago, o mais profundo, a essência do outro ou mesmo de si mesmo. Esse é o olhar de uma criança, que confia no pai, joga-se medo nos seus braços e não quer saber dos desconhecidos, desprovidos de amizade com quem ela ama e por quem é amada.

3. Os discípulos não devem somente ser como as crianças, mas também cuidar dos desprovidos, dos humildes, dos sofredores da comunidade de fé; devem ser autênticos amigos do Mestre, seus mais eficazes instrumentos de bondade para com todos. Eles devem ser compreensivos, misericordiosos, solidários e disponíveis para com os "pequeninos" de Deus, aqueles que crêem na mais profunda simplicidade de sua existência; que não têm poder nem direitos; que, na verdade, não são importantes para o jogo de interesse dominante do mundo. Esses pequeninos são as "pupilas de Jesus" e, obrigatoriamente, também dos seus discípulos, que, por sua vez, são também eles as mesmas "pupilas".

4. "O que vos parece?" O modo como Jesus educa difere muitíssimo daqueles que estamos acostumados a perceber nos que se dizem "mestres e doutores". Ele não força o outro a ter que pensar do jeito DELE. Pelo contrário, seu modo de ensinar conduz o ouvinte à reflexão, permite que o outro tenha a possibilidade de criar, a partir de seu próprio pensamento, um ambiente acolhedor àquelas palavras essenciais, ditas de modo fascinante. Aquele que ouve é quem se sente na obrigação de guerrear dentro de si mesmo, a fim de atingir aquilo pelo que foi tocado de modo extraordinário.

5. Jesus revela o imenso interesse salvífico de Deus. A vinda de Jesus ao mundo é, concretamente, a resposta ao texto de hoje. Por meio do Filho, o Pai veio procurar sua criação, veio dizer a ela o quanto seu Amor é grande e que nunca desistirá do desejo de salvá-la, configurando ao Filho no Espírito Santo. Como na parábola do filho pródigo, aqui o texto demonstra a iniciativa misericordiosa da salvação, que Deus se preocupa com o seus e que os quer com Ele. O discípulo sabe que é um "mísero inseto", um nada, mas infinitamente amado e protegido por Deus. O texto é claro quando diz que a alegria de ter encontrado a ovelha que se perdeu é maior do que pelas noventa e nove salvas. Realmente Deus olha a mim e a vc, qualquer pessoa em qualquer parte do mundo, rico ou pobre, santo ou pecador, feio ou bonito, sadio ou doente, desejando apenas uma coisa: que cada um se deixe encontrar por Ele.

6. A ovelha desgarrada num primeiro momento acha que é livre, pode fazer tudo, comer em qualquer pasto, beber em qualquer fonte, tomar sol na hora que quiser, banhar-se quando bem entender, mas vem a noite, e aí passa, num segundo tempo, a se sentir sozinha, sem o pastor a lhe acariciar a testa, olhar um ferimento no casco, chamá-la pelo nome e permanecer ali, de guarda, protegendo-a. A solidão toma conta de sua vida, não está em casa, outros querem usá-la, ninguém a vê como ovelha do rebanho, mas como uma estranha naquele ambiente; não é acolhida, abraçada, mas tida quase como um câncer. Ali, ela está à mercê de todos, seu valor lançado por terra, sua dignidade escondida, seu futuro nas mãos do acaso ou de tiranos.

7. Assim se encontram homens e mulheres que fogem do seu lar salvífico, que procuram viver o que pensam de qualquer modo, que acham que são donos de si mesmos, que optam por uma vida sem Deus. Mesmo nessa condição, Deus vem, com certeza, ao encontro de cada um não como um carrasco, não como um ditador, desrespeitando a liberdade que cada um possui, mas do jeito de Jesus Cristo, fascinante nas palavras, Obediente na ação, Justo no objetivo, Servo na missão, Amigo da humanidade segundo sua vida na história e Misericordioso na atitude. Por meio do Verbo feito carne, o Pai não quer perder nenhum sequer dos seus pequeninos, de todos os que fizeram, fazem e farão opção de vida por Ele; não quer perder a obra de suas mãos.

Um forte e carinhoso abraço.

Pe. José Erinaldo
Escrito por Pe. José Erinaldo às 09h59
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08/08/2016

Segunda-feira, 08 de agosto de 2016

Mt 17,22-27

1. “Jesus começou a mostrar a seus discípulos que devia ir a Jerusalém e sofrer muito da parte dos anciãos, dos sumos sacerdotes e dos mestres da Lei, e que devia ser morto e ressuscitar no terceiro dia”. Mt enfatiza Jerusalém como o lugar da realização salvífica e coloca alguns pontos teologicamente importantes para se entender o verdadeiro Messias, sua missão, condição de vida, entendimentos dos discípulos e exigências missionárias. Na base do texto, está o anúncio da paixão de Jesus. Nos sinóticos, por cinco vezes aparece o anúncio da paixão do Senhor, alguns mais desenvolvidos e outros mais breves, por exemplo: Mc 8,31-33; 9,30-32; e 10,32-34 (anúncios mais desenvolvidos) e Mc 9,9; Mt 17,9, - no final da narrativa da transfiguração - bem como Mc 14,41; Mt 26,45 –- e Lc 9,44 (breves) – no contexto do Getsêmani. “E os discípulos ficaram muito tristes”. Certamente, pois não estavam ainda preparados. Eles acreditavam num messias que poderia restaurar Israel politicamente, um messias poderoso. Aquele discurso de “morte” de Jesus não lhes agradava.

2. “O vosso mestre não paga o imposto do Templo?”. Antes de tudo, nesse texto enfatiza-se a filiação de Jesus. Ele é o Filho do Senhor do Templo e tem plena consciência disso. Além disso, com essa pergunta tem-se início o discurso sobre a verdadeira liberdade. Quem é livre? Quem paga imposto não possui liberdade. Somente os filhos são livres. Os poderosos não querem uma sociedade filial, mas subordinada aos seus interesses econômicos. Mesmo sendo da mesma sociedade, são todos estranhos. Jesus traz consigo a possibilidade do retorno à casa do Pai, lugar da filiação. Todos são chamados a serem filhos através do Filho, chamados à herança. Pois bem, Jesus, reivindicando a filiação DELE, em particular, e a dos discípulos, por causa DELE, quer que nem Ele e nem seus discípulos entrem na regra geral dos impostos, que não sejam submetidos a essa obrigação pelo fato mesmo de serem filhos do Senhor do Templo.

3. “Mas, para não escandalizar essa gente, … pega então a moeda e vai entregá-la a eles, por mim e por ti”. Jesus submete-se às leis do mundo, dá o exemplo e apresenta-se de modo real, histórico, lidando com realidades concretas próprias desse mundo. Ele de fato se fez carne, assumiu nossa história e submeteu-se às leis humanas. Por outro lado, ensina a verdade sobre Ele, que, mediante uma citação de embelezamento, revela o quanto Ele está unido ao Senhor do Universo, ao Pai, que LHE concede a Ele e a Pedro a moeda de pagamento. Assim, é possível observar que o Templo do Senhor não se encontra no cumprimento da Vontade de Deus. Somente Jesus, o Filho, pode conduzi-lo ao seu mais puro significado e objetivo. O Templo se encontro corrompido, preso ao dinheiro, explorando até mesmo os filhos do Senhor dele. Somente a partir de Jesus, haverá libertação, pois somente por Ele todos poderão se tornar filhos e, por isso mesmo, livres de toda e qualquer exploração na Casa de Deus.

Um forte e carinhoso abraço.

Pe. José Erinaldo

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