domingo, 16 de dezembro de 2018

15 AGOSTO - VEM SENHOR!!

20/08/2016

XXI Domingo do Tempo Comum, 21 de agosto de 2016
Assunção de Maria 

Lc 1,39-56

1. Depois de dialogar com o Anjo Gabriel, Maria foi apressadamente se encontrar com sua prima Isabel. Ela não duvidava das palavras do arcanjo. Sua ida à casa de sua prima mostra, antes de tudo, sua disponibilidade, seu interesse em cuidar de uma senhora grávida, pois Isabel era de idade avançada. Certamente passava na cabeça de Maria o que lhe foi dito pelo Anjo Gabriel, mas não era seu intuito querer saber se o Anjo realmente tinha acertado no que disse. Isso seria duvidar de Deus. Maria não tem dúvida da palavra que lhe foi dirigida, tanto é que se colocou absolutamente à disposição do Senhor: "Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra". Maria aparece muito mais como a Serva do Senhor.

2. Para além de uma observação factual, Lc apresenta uma importante hermenêutica bíblica. O texto revela uma profunda teologia, aquilo que ele e a Igreja experimentaram a partir da ressurreição de Jesus. A ida de Maria ao encontro de Isabel é sinal do encontro entre a Nova e e Antiga Aliança. Na saudação de Maria é proclamada, solenemente, a chegada do Messias esperado, “o Príncipe da paz” (Is 9,5), a presença da “paz abundante” (Sl 71,7), a paz necessária para a construção de um mundo novo. Maria, então, é portadora da paz. Isabel chama Maria de “Bendita entre as mulheres”. Jael e Judite também receberam esse tipo de saudação (Jz 5,24 e Jt 13,23), duas mulheres frágeis, mas que, por graça de Deus, venceram. Ora, aplicando essa saudação à Maria, Lc está querendo afirmar que ela é o instrumento frágil e pobre pelo qual Deus realiza Suas maravilhas, dando ao mundo o Salvador. Além disso, Isabel representa o Antigo Testamento; Maria, o Novo. Aquela estéril, Esta, fecunda. 

3. Maria é bendita, antes de tudo, por ter sido pensada, preparada e escolhida por Deus; também por ser toda voltada para o seu Senhor; e, ainda, por causa do Bendito, por Ele agraciada, a fim de ser sua Mãe. Por vontade do Pai, Maria foi criada como um sacrário, não feito por mãos humanas, mas do jeito do querer de Deus. A arca foi criada para transportar a Lei de Deus, era motivo de reverência, júbilo e festa. Nela, o povo entendia que estava o Senhor. Dos lábios de Davi vem a exclamação: “Como virá a Arca do Senhor para ficar na minha casa?” (2Sm 6,9). A Arca passa três meses em uma residência judaica, depois de ter sido recebida com muita festa: danças, gritos alegres e cantos festivos, porque ali se encontrava a presença do Senhor e isso era bênção para toda a família acolhedora (2Sm 6,10-11). É possível perceber a ligação estabelecida por Lc entre esses textos e o encontro de Maria com Isabel, que provoca uma reação exultante tanto em Isabel quanto na criança no seu ventre, que “pula de alegria”. A presença de Maria é sinal da presença de Deus, Maria como a nova ARCA exclusiva de Deus, que se apresenta como realização das promessas messiânicas.  

4. Maria foi pensada por Deus como a Kecharitomene, a pleníssima de graça, para ser a mãe da Graça salvífica. Isabel não vê a prima Maria, mas a Mãe do Senhor. Aquele momento expressa unicamente ação da graça de Deus, presença do Espírito e, portanto, manifestação de fé. O encanto manifestado por Isabel revela o que se espera do povo antigo de Deus, mas também o encanto de todo a Igreja pelo mistério de Deus na vida de Maria, que foi feita encanto de Deus. Todo o seu ser exprime essa verdade. Por isso, nos lábios de Maria, o cântico do pequeninos de Deus foi bem colocado: "A minha alma engrandece o Senhor, e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador". Todo o ser de Maria é um ENCANTO para Deus. Ela é proclamada “Bem-aventurada” porque acreditou (Lc 1,45). No evangelhos de Lc, essa é a primeira bem-aventurança, marcada não pela visão, mas pela adesão total “porque acreditou”. Em Jo 20,29, Jesus afirma: “Felizes os que creem sem ter visto”. Não resta dúvidas que Maria é o que todos os cristãos devem ser com relação a Jesus. Maria é chamada de BENDITA por Isabel e BEM-AVENTURADA no magníficat, expressões que não deixam dúvidas quanto à vida assunta da Virgem Mãe de Deus. O texto é claro: não diz que ela será bem-aventurada, mas que É, no presente, Bendita, e que, doravante, todas as gerações, todos os homens e mulheres, de todos os tempos, a proclamarão Bem-Aventurada. Outro detalhe: “porque o Todo-Poderoso fez GRANDES coisas em meu favor”: dispersou os soberbos, destruiu os tronos dos poderosos, elevou os humildes, alimentou os famintos, os ricos deixou sem nada e socorreu Israel, seu servo (…). Além disso, plenificou Maria de Sua GRAÇA, tornando-a mãe do Novo Israel, da Nova Humanidade, do Novo Povo de Deus, da Nova História. 

5. Maria é o sinal autêntico da Nova e Eterna Aliança. Sua presença provocou uma verdadeira transformação na realidade de Isabel, que ficou "cheia do Espírito Santo". Maria, plena do Espírito, portadora do Eterno, concede a Isabel a graça de perceber a grande novidade, o prometido, o Messias, já presente na história, ali no ventre da Virgem. No encontro das mulheres (as duas Alianças), dá-se o encontro de duas crianças, o Bendito, o Salvador, e o seu precursor, "a voz do que clama no deserto", aquele que, naquele momento, representa todo o povo de Israel. A criança no seio de Isabel alegra-se ao sentir a presença do esperado e, ali, recebe a Força do Altíssimo para exercer sua grande missão profética, a de ser o maior dos profetas por anunciar, batizar e apontar o Messias Servo do Senhor. 


6. “Minha alma glorifica ao Senhor”. O “cântico de Maria” é, na verdade, tirado do Antigo Testamento, uma parte de 1Sm 2,1-11 e alguns versículos de salmos. Para muitos biblistas, trata-se de um canto composto depois da Ressurreição de Jesus, atribuido, primeiramente, à “virgem” Israel, segundo sua condição de pobreza, humilhação e desprezo por parte de outras nações. Quando os primeiras cristãos perceberam que Jesus era, realmente, o Messias esperado, não tiveram dúvidas da ação divina em magnificar a “virgem” Israel, que seria para sempre chamada “bem-aventurada. Lc, à luz do Espírito de Deus, compreendeu que se tratava de um canto totalmente voltado para a realidade da “Virgem” (1,27), Mãe do Messias, pela qual Deus se fez presença no mundo. Em Lc não há possibilidade de ser Mãe do Glorioso Deus se não for plenamente revestida da mesma glória. 

E nós, somos capazes de proclamar que somos um encanto para Deus? Somos cristãos alegres? Temos fé realmente? Maria, por ser a mãe do Senhor, é bem vinda a nossa casa? Temos dúvidas quanto a sua importância na Igreja? Acreditamos, verdadeiramente, na assunção de Maria?


Um forte e carinhoso abraço.

Pe. José Erinaldo 
Escrito por Pe. José Erinaldo às 09h10
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19/08/2016

Sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Mt 22,34-40

Trata-se da quarta controvérsia entre Jesus e os líderes dos judeus. Nesse caso, a questão se coloca quanto à essência da Lei de Deus no Antigo Testamento, que Segundo o contexto de Jesus compreendia 365 proibições e 248 prescrições, totalizando 613 mandamentos. Pela quantidade e complexidade desses mandamentos, ficava difícil conhecê-los e colocá-los em prática. Então, os mestres judeus procuravam resumí-los em declarações breves, como Hilel, que resumiu a Lei, à semelhança da chamada regra de ouro de Jesus (cf. Mt 7,12): “O que não gostas não faças a ninguém. Essa é toda a Lei; o resto é comentário. Vai aprender”. 

Os fariseus utilizavam a Lei a seu favor. Deixar tudo como está é uma forma de se manter tirando vantage em tudo. Não querem perder o status quo, a posição cômoda do poder e da liderança vaidosa adquirida; não querem borrar uma imagem de “irrepreensibilidade”, de pureza, de santidade, como cumpridores apaixonados da Lei de Deus. Para eles, ser amigo de Deus é ser cumpridor da Lei, praticando as obras da Lei. O fato é que eles mesmos tinham grande dificuldade de saber qual dos Mandamentos era o mais importante, pois para a maioria, todas as instruções de Deus são de igual modo respeitadas. O problema que se estabelece, na verdade, é a mistura entre o que é de Deus (Os Mandamentos) e o que foi introduzido pelos homens (prescrições e proibições). 

Quanto ao povo, este era impuro, pecador, ignorante, maldito (cf. Jo 7,49). Jesus estava no meio do povo, mas conhecia a Lei de Deus, conhecia o coração humano e sabia qual seria a melhor forma de salvar a todos, ricos e pobres, das cadeias pessoais e das armadilhas do pecado e do demônio. Para detonar Jesus diante do povo, os fariseus preparam uma armadilha para ele. A expressão usada no texto do evangelhos é a mesma utilizada na tentação de Jesus no deserto (cf. Mt 4,1), significando, segundo Mt, que os fariseus agem à semelhança do diabo. A falsidade desses líderes indicam a máscara do inimigo de Jesus. 

Jesus responde a eles servindo-se de dois importantes textos do Antigo Testamento, muito bem conhecido deles: Dt 6,5 e Lv 19,18. Com isso, Jesus afirma que toda a Sagrada Escritura se resume no “Amor a Deus absolutamente e ao próximo como a si mesmo”. Em outras palavras, Jesus revela a impossibilidade de se amar a Deus sem amor ao próximo. E, ainda, Ele quer dizer que o modo de ser dos fariseus está completamente errado quando se refere ao trato do povo de Deus, pois eles o trata, como vimos acima, na condição de maldito, impuro, pecador e ignorante. Para com esse povo, a atitude farisaica é de desprezo, ojeriza e difamação. Há como que uma inimizade da parte desses líderes para com a populacão. Então, Jesus mostra que não existem dois amores: um a Deus e outro ao próximo. Na verdade, do jeito que se ama a Deus deve-se amar o próximo, que é a medida do amor a Deus. Ninguém é fiel a Deus, desprezando o outro seu irmão. 

Um forte e carinhoso abraço.


Pe. José Erinaldo 
Escrito por Pe. José Erinaldo às 12h26
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17/08/2016

Quarta-feira, 17 de agosto de 2016

Mt 20,1-16a

1. O chamamento de Deus desde cedo indica sua preocupação em salvar a todos. Muitos são chamados e logo respondem, foram escolhidos para uma missão e para a salvação. O convite do Senhor se estende a todos em todos os tempos e lugares, não está preso a culturas, status, aparências ou afetos. Ele é livre e age como quer, objetivando somente o bem para os escolhidos. Ele é a BONDADE e não age de outro modo senão segundo Sua própria natureza, que é AMOR, VERDADE e VIDA. O que Ele faz, fá-lo em vista de uma vida na verdade e no amor. Essa realidade de Deus afeta os que apelam para questões meritórias, os que vivem segundo os ditames absolutos da lei, aqueles que gostam de serem aplaudidos pelo cumprimento dos seus deveres. Em outras palavras, há aqueles que gostam de serem endeusados pelo que fazem. Uma atitude de amor desmascara uma outra invejosa. Os operários da primeira hora são invejosos, apegados ao mérito, gostam de posição, aplauso e são, ainda, pretensiosos. Deus, por outro lado, sem negar a importância da lei, mostra sua beleza por meio da misericórdia. Outro dado importante: não é a lógica econômica que alegra a Deus, mas a prática incessante da bondade de uns para com os outros.

2. Jesus é a presença da bondade de Deus para os perdidos, Ele é o Reino do Pai. Sua presença indica que o tempo do privilégio já passou, é chegada a hora da misericórdia do Pai, da mais evidente expressão do amor, como dom de si mesmo, entrega de si para o bem daqueles que mais necessitam do que é verdadeiramente bom, o tempo para se ser bom, para a prática desinteressada do prazer de amar por causa, unicamente, do Reino dos Céus. Jesus, em si, revelou como se vive profundamente a Lei de Deus: SENDO BOM. Só Deus é bom! Então é chegado o tempo de os seguidores de Jesus viverem como participantes da divindade, como filhos de Deus. Somente quem é filho pode viver à semelhança do Pai. Sendo o Pai o AMOR, outra não pode ser a vida dos filhos senão segundo o mesmo amor. Não se compreende um batizado que não coloque acima de tudo o amor. A radicalidade na lei pode indicar um endeusamento pessoal, uma grande distância do amor, um ateísmo embutido. 

3. Esse texto revela um problema no interior da comunidade cristã. De um lado os judaizastes, que ensinavam que todos os convertidos do paganismo deveriam, antes de tudo, conhecerem o judaísmo, passarem às leis de Israel para, somente depois, tornarem-se cristãos. Por outro lado, havia os paulinos, que afirmavam que bastava a fé. De qualquer modo, o texto deixa claro o interesse de Jesus pela salvação dos incircuncisos, os pecadores, aqueles que não tinham mérito algum, que viviam à margem da sociedade, os últimos, que pela ação crista tornaram-se os primeiros. Para eles, a misericórdia de Deus se fez presença em Jesus. A partir de então, a experiência dos convertidos com a Lei de Deus será segundo a prática do bem. 

4. Além dessa preocupação cristológica, Mateus focaliza também uma questão eclesiológica. A Igreja substitui o povo judaico. O novo povo de Deus é aquele que, pela fé e pelo batismo, foi inserido no Corpo de Cristo. A Igreja, e não mais o povo de Israel, é o instrumento legítimo para a salvação da humanidade. O Povo de Deus é, agora, aquele que pertence a Cristo. Através dos Seus discípulos, filhos através do Filho, a mensagem da misericórdia e da bondade de Deus deve chegar a todos os povos, a fim de que todos formemos um só na lógica de Cristo que desafia o mundo.

Um forte e carinhoso abraço.


Pe. José Erinaldo 
Escrito por Pe. José Erinaldo às 09h02
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16/08/2016

Terça-feira, 16 de agosto de 2016

Mt 19,23-30; Mc 10,23-31

1. A riqueza traz consigo a ilusão do "tudo posso", é uma armadilha, provoca uma cegueira imensurável, faz aflorar a soberba, os desvios instintivos, muitas vezes gera uma tremenda desconfiança de tudo, é um mar de lamas, de incertezas, de stress, em muitos casos, provoca depressão. Desapegar-se de tudo é tornar-se capaz de Cristo e de ser, verdadeiramente, um filho de Deus. Ora, a maior riqueza para um filho de Deus é Deus mesmo, Sua mensagem de salvação e a missão por Ele estabelecida. A questão é: como é possível renunciar uma vida toda de luta, as conquistas pessoais, os próprios sonhos, a riqueza adquirida somente para seguir um “mestre”, alguém que consegue com suas ideias não somente envolver uma plateia, mas, de fato, ruir todo o “império” da lógica tirânica do mundo? Abate-se o coração do homem diante da proposta de Jesus, entristece-se o coração apegado ao mundo material. Somente por meio de uma grande fé, de algo extremamente superior a tudo, o homem terá condições de fazer tal câmbio. Aqui está a grande exigência para quem deseja ser discípulo: ser capaz de crer em Jesus não somente como um Mestre, um Guia espiritual, um grande homem, o maior dos profetas, mas muito mais que isso, é necessário crer NELE como Senhor, um com o Pai e com o Espírito Santo. Essa fé só se tornou possível com a Ressurreição.

2. Nesse texto, depois de Jesus falar da dificuldade de quem tem tudo entrar no reino dos céus, vem a reflexão de Pedro: “Eis que nós deixamos tudo e te seguimos”. Estaria Pedro pensando na realidade espiritual e desértica da vida doada? Certamente não, mas estava ali lançando-se no horizonte do Mestre de Nazaré. Ele e os demais, com suas imperfeições, sem maturidade na fé, rudes, foram capazes de largar realmente o que tinham. É verdade que não era tanta coisa assim, mas era o tudo deles. Pedro talvez quisesse se assegurar diante de Deus, talvez manifestar sua realidade de estar perto do Salvador. O fato é que, independentemente de sua atitute, coloucou-se ao lado do Senhor, voltado para Ele. 

3. “Em verdade vos digo, quem tiver deixado casa, irmãos, irmãs, mãe, pai, filhos, campos, POR CAUSA DE MIM E DO EVANGELHO, receberá cem vezes mais agora, durante esta vida – casa, irmãos, irmãs, mães, filhos e campos, com perseguições – e, no mundo futuro, a VIDA ETRNA. Jesus estabelece que aquele ou aquela que largam os laços materiais, inclusive da família, receberá uma nova realidade, a vida eterna, e uma nova família, estruturada nos valores do evangelho, como fraternidade e partilha dos bens, bem como cem vezes mais o que renunciou. Em outras palavras, receberá em abundância! Mas Ele acrescenta: receberá tudo isso, mas com perseguição. Será perseguido pelos gananciosos, por aqueles que sacraficam tudo o que possuem para ter mais ainda, para satisfazer todos os seus desejos e promessas, seja eles empresários, latifundiários e, principalmente, politicos corruptos. O discípulo deve estar preparado para um mundo hostíl à verdade, ao amor e à vida. 

4. Nas renúncias citadas por Jesus, Ele intruduz também o pai, mas ao receber cem vezes mais não cita novamente o pai terreno. Certamente, a maior riqueza para quem O segue é a conquista da comunhão com o Seu Pai, o Pai eterno, o Pai da nova família, Aquele que é Pai ao criar, ao educar na verdade e na esperança, e, acima de tudo, ao amar até ao ponto de entregar o Filho eterno como vítima de expiação pelo bem de todos. Somente fará parte dessa nova realidade quem é capaz de se desamarrar de todos os laços mundanos, dos apegos da vida, de tudo aquilo que o priva da verdadeira liberdade de filho de Deus; viverá como cristão, quem não se submeter à lógica do dinheiro, do lucro, dos bens mundanos, dos envolvimentos afetivos desordenados. Verdadeiro cristão será aquele ou aquele que aderir absolutamente a Cristo, fundamentando toda sua vida no Evangelho, fazendo-se um verdadeiro dom, no desprendimento de tudo para o bem de todos. 


Um forte e carinhoso abraço.
Escrito por Pe. José Erinaldo às 14h04
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15/08/2016

Segunda-feira, 15 de agosto de 2016

Mt 19,16-22; Mc 10,17-22; Lc 18,18-23

1. O texto acima nos apresenta três coisas sobre as quais devemos pensar e tomar uma decisão: a primeira diz respeito à pergunta de “alguém”: “Bom Mestre, o que devo fazer para ganhar a vida eternal?”. Antes de tudo, convém assinalar que esse alguém, não tendo nome, é qualquer um que tenha o desejo da conquista da vida segundo Deus; aquele ou aquela que deseja ir mais além, que sente o desejo de Deus dentro dele ou dela e coloca-se a caminho, mas necessitando, ao mesmo tempo, de uma verdadeira orientação. Depois, o adjetivo “bom”, aplicado somente a Deus, pois faz referência a essência mesma de Deus, que é a bondade, a verdade e a vida. As coisas e as pessoas podem ser vistas como boas, mas na relação com o Criador, que é o BOM e que, por isso mesmo, faz tudo bom ou muito bom. Em seguida, o termo “mestre”, usado aqui, com a finalidade de revelar a verdadeira estrada da salvação. Nesse caso, ao chamar Jesus de “Bom Mestre”, o texto aponta para Sua condição divina. 

2. O segundo ponto é das exigências para se tornar um discípulo de Jesus. Necessário se faz a prática dos Mandamentos do Senhor. Interessante porque o texto não cita os Mandamentos  referentes a Deus, mas tão somente ao próximo. Isso não quer dizer que Jesus está abandonando alguns mandamentos, mas agindo de tal forma como se quisesse dizer que os Mandamentos ligados a Deus só podem ser vividos se Seus discípulos colocarem em prática o bem do próximo. Voltar-se para Deus negligenciando o próximo é falsa religião, é subjetivismo, individualismo e, também, fanatismo. No amor ao próximo, revelamos o amor por Deus simultaneamente. Os discípulos necessitam voltar-se para o Senhor não somente pela fé, mas também e de modo preciso, por meio do exercício da caridade e da defesa da vida. Num todo de vida dedicada, encontram-se características, como disponibilidade, solidariedade e fraternidade, virtudes indispensáveis na vida de fé. 

3. No terceiro ponto, próprio do texto de Mc, base dos dois primeiros, encontra-se o despojamento total. Jesus exige entrega absoluta, decisão firme e plena. Antes de apontar a última exigência, Jesus fita aquele que dele se aproximou, ama-o sem reservas. O verbo “Fitar” é o mesmo que olhar para o outro com muita atenção, priorizá-lo, levá-lo em conta, lê-lo por dentro. Jesus o ama, quer dizer, encontra nele reta intenção, desejo sincero, o contrário dos fariseus hipócritas, vontade de vitória, mas, ao mesmo tempo, percebe sua fraqueza. É nesse momento que Jesus manifesta sua exigência mais profunda: “Vai, vende o que tens e dá aos pobres, e terás um tesouro no céu; depois vem e segue-me!”. O que Jesus quer ultrapassa a lógica do mundo, nem parece desse mundo, é algo absolutamente inusitado na história. 

4. Como é possível renunciar uma vida toda de luta, as conquistas pessoais, os próprios sonhos, a riqueza adquirida somente para seguir um “mestre”, alguém que consegue com suas ideias não somente envolver uma plateia, mas, de fato, ruir todo o “império” da lógica tirânica do mundo. Abate-se o coração do homem diante da proposta de Jesus, entristece-se o coração apegado ao mundo material. Somente por meio de uma grande fé, de algo extremamente superior a tudo, o homem terá condições de fazer tal câmbio. Aqui está a grande exigência para quem deseja ser discípulo: ser capaz de crer em Jesus não somente como um Mestre, um Guia espiritual, um grande homem, o maior dos profetas, mas muito mais que isso, é necessário crer NELE como Senhor, um com o Pai e com o Espírito Santo. Essa fé só se tornou possível com a Ressurreição. Ajudar o próximo é importante, mas é preciso fazê-lo crendo absolutamente no Senhorio de Jesus, na Sua divindade.

Um forte e carinhoso abraço.


Pe. José Erinaldo 

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