22/10/2016
Sábado, 22 de outubro de 2016
Lc 13,1-9
1. Pôncio Pilatos manda matar muitos galileus simpatizantes do movimento zelota, que travava luta armada contra os romanos. Pilatos era sanguinário, amigo do poder, homem incapaz de dar um passo definitivo pela verdade. Os zelotas, filhos do judaísmo, mais precisamente uma das seitas judaicas, que pregava um messianismo político inimigo de Roma, e lutava para que os romanos fossem eliminados de israel. Pode-se dizer que eles eram fanáticos inimigos de Roma. Diante do crime aqui apresentado a Jesus, outros grupos dos judeus achavam que o motivo de tantas mortes deveu-se ao pecado deles. Por serem pecadores, mereceram o castigo da morte. Nesse caso, outro tipo de fanatismo se mostra: os ditos "santos", "puros", denominados impecáveis, "amigos" de si mesmos, homens que pensam de não sofrerem a mesma sorte dos galileus pelo fato de não merecerem tal castigo, como se fossem mais importantes, cheios de privilégios e arrogância. Nessa mentalidade, o crime serve como indicador da desgraça merecida pelo pecador. E, ainda mais, criam uma forma religiosa de império. Para Jesus isso é terrível, é uma verdadeira deformação da inteligência e da religião.
2. A salvação não é uma escolha pessoal em absoluto. Ninguém se salva pelo fato de cumprir as leis estabelecidas, todos os ritos e tudo o que se exige pra ser feito. Tudo isso é importante, mas muitos fazem tudo isso pensando em si mesmos: em ter honras, ser respeitado, aplaudido, mostrar-se com a face de santo, imaculado, perfeito, entre outras coisas. A salvação é, antes de tudo, iniciativa de Deus, escolha sua, decisão sua. Somente depois, é resposta do homem. A salvação depende, então, da ação primeira de Deus e da resposta do ser humano. Ela não acontece pelo simples cumprimento das normas, mas pela conversão total da pessoa a Deus. Converter-se é mudar de mentalidade, deixar a lógica do mundo e abraçar absolutamente a lógica de Deus, ser de Deus, voltado para Ele, amá-lo profundamente, reconhecendo-se pecador, imperfeito, mas capaz e tudo superar com Sua graça. O homem convertido não se apega às honras, mas a uma profunda vida de intimidade com Deus. Somente assim, tal homem dará frutos.
3. O discípulo deve estar preparado para o momento decisivo. Sua vida na terra não é eterna. Mudar de vida é a estrada certa, renunciar o mal e procurar cumprir a vontade do Senhor, amando-o de todo o coração. Na hora em que menos pensar, partirá desse mundo. Jesus espera que nos convertamsos imediatamente. É agora o momento da mundança de mentalidade, desse largar a forma de pensar desumana do mundo e abraçar a realidade pensada por Jesus mesmo. A figueira, Israel, pelo fato de não produzir o fruto esperado foi cortada nos anos 70 d.C. E nós, eestamos dando frutos?
4. o tempo da figueira corresponde aos anos de pregação de Jesus. O fato de ainda insistir na figueira, indica o desejo salvífico total de Deus, que chega ao absurdo de esperar por algo humanamente impossível, que é uma figueira estéril dar frutos. Mesmo que pareça absurdo, Jesus aposta na mudança de vida das pessoas. Ele se solidariza com todos e aceita a intervenção daquele agricultor (que pode ser qualquer um dos seus santos), marcando assim a grande novidade na obra da salvação, também como participação de todos. Deus “precisa” de humanos para salvar humanos. A grande questão que fica é esta: E a figueira passou a dar frutos? Que venha a resposta em nossa vida.
Um forte e carinhoso abraço.
Pe. José Erinaldo
Escrito por Pe. José Erinaldo às 09h27
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21/10/2016
O TERÇO DO PEREGRINO
- Sinal da Cruz
- Credo
- Pai-Nosso
Antes da primeira Ave Maria: "Eu vivo, mas não eu, é Cristo que vive em mim".
Antes da segunda Ave Maria: "Tudo considero perda, pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor".
Antes da terceira Ave Maria: "Tudo posso naquele que me fortalece".
- Glória
- "Fazei tudo o que Ele vos disser";
- "O meu alimento é fazer a vontade do meu Pai".
No lugar do Pai-Nosso: "Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida, ninguém vem ao Pai senão por mim".
No lugar das Ave-Marias:"Jesus Cristo, Filho de Deus, Senhor, tem piedade de mim pecador" (12x). O mistério se completa com doze contas, num total de 12 mistérios para formar o terço.
ENCERRAMENTO
- Glória
- "Fazei tudo o que Ele vos disser"
- "O meu alimento é fazer a vontade do meu Pai"
- O Magnificat
- "Eis-me aqui, Senhor, envia-me".
Escrito por Pe. José Erinaldo às 11h05
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Sexta-feira, 21 de outubro de 2016
Lc 12,54-59
1. O homem interpreta aquilo que o interessa. O tempo presente só vai fazer parte de suas preocupações se nele houver algo que esteja inserido no seu âmbito de desejos. Em todos os tempos foi assim. Só haverá aprofundamento naquilo que se deseja de coração. O homem não interpreta o tempo atual à luz da fé porque seu coração está distante do bem que esta pode trazer-lhe. A ele não interessa muito ter ou não ter Jesus Cristo, seguir seus passos, submeter-se a uma religião, deixar o que tem para viver o que parece uma ilusão. O homem atual quer viver na luta constante da realização financeira e dos seus sonhos carnais (muitas vezes). Tudo é interpretado à luz de si mesmo. Nada de querer amizade com quem é pedra no caminho. A concorrência é uma das palavras-chave do presente. Depois, do ponto de vista religioso, existem os exploradores da inocência dos outros, utilizando a S. Escritura para enganá-los. Eles fazem o jogo satânico contra o próprio Jesus Cristo, iludindo as ovelhas do rebanho do Senhor. O capitalismo religioso hoje é um autêntico sinal da decadência do homem, envolvido com o demônio. Quando se fala sobre Cristo é somente para escravizar o inocente, impondo-lhe viseiras e correntes, arracando-lhe o resto que ainda possui. O fenômeno crescente das seitas é sinal das astúcia do Satanás contra Jesus Cristo, que pregou a renúncia de tudo em vista do Reino de Deus.
2. O tempo presente de Lc é a presença do Messias, do Salvador. Deus veio para seu povo, veio salvar a humanidade, mas os seus não O enxergavam. Certamente, outras coisas faziam parte dos seus interesses. Com sua presença, Jesus traz o juízo definitivo. Escolher Cristo, signifca dar uma resposta livre ao Pai, deixando-se conduzir pela única estrada da plenitude, da dignificação humana, da elevação da pessoa à dignidade de filho de Deus, participantes da natureza divina. Somente por meio de Cristo, o homem encontrará o seu futuro legítimo, a finalidade para a qual foi criado, por causa da qual o Verbo se fez carne. É somente nesse mundo, enquanto se encontra na estrada, que o homem tem que fazer sua escolha, que não pode ser outra senão largar a condição de homem velho egoísta, egocêntrico, individualista, e tornar-se o homem novo da solidariedade, fraternidade, verdade e amor. O homem que procurará resolver seus problemas com os outros como irmão, perdoando e combatendo juntos as dificuldades que impedem a construção de uma verdadeira fraternidade.
3. O tempo atual é o tempo da descoberta de si mesmo como um dom de Deus. Cristo nos possibilita não somente tal descoberta, como também nos conduzirá à sua realização. Quem encontra Cristo e a Ele se entrega absolutamente, não se perde, mas percebe o quanto estava cego antes, como era inimigo de si mesmo e dos outros. O encontro com Cristo possibilita ao homem desenvolver mais ainda suas habilidades, seus sonhos, suas faculdades, sua família, comunidade e sociedade. O mundo inteiro ganha quando o homem decide viver a verdadeira fé, quando decide arrepender-se dos seus pecados, quando decide alimentar-se do Corpo e Sangue de Cristo e fazer o bem.
Um forte e carinhoso abraço.
Pe. José Erinaldo
Escrito por Pe. José Erinaldo às 10h53
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20/10/2016
Quinta-feira, 20 de outubro de 2016
Lc 12,49-53
1. "Eu vim para lançar fogo sobre a terra" - o fogo significa o juízo de Deus, no sentido de purificar e consumir (cf. Lc 17,29-30). Vê-se também a questão do Espírito Santo, que vem como que línguas de fogo (cf. Lc 3,16; At 2,3.19). Não cabe aqui a forma de pensar de alguns falsos cristãos que entendem o fogo como forma de destruição do “outro pecador”, daquele que não fez ainda uma escolha por Jesus. É a mesma lógica daqueles que queriam arrancar o jôio antes do momento da colheita. Nesse mentalidade, cabe um “dilúvio” de fogo, um dia para o fogo destruir tudo (cf. Sf 1,18; 3,8). O que se quer aqui não é a destruição das pessoas, mas do pecado, do mal que destrói o homem. O fogo que Jesus quis trazer é aquele que purifica e, ao mesmo tempo, salva. Entende-se por Sua Palavra, Sua Mensagem e Seu Espírito.
2. "Devo receber um batismo, e como estou ansioso até que isto se cumpra!" - aqui faz referência ao mergulho na morte do próprio Jesus (cf. Sl 124,4-5). Tal realidade indicará o banho de regeneração dos que nascem para Deus pelo batismo, para formar o novo povo de Deus (cf. At 1,5; 2,38; 2Pd 2,5-6). A morte de Jesus é um juízo de Deus para o mundo: é vitória que salva e condena. É salvação para todos os que se abriram ao amor de Deus; é condenação para os que não deram importância ao dom de Si mesmo para o bem deles, e ainda o abandonaram, desprezando-o como uma praga.
3. Jesus vem como um "fogo que devora, como uma torrente que transborda" (cf. Is 30,27-28.30), de modo que não se pode entender outra coisa senão o juízo de Deus para a humanidade. Desde a encarnação, a ação de Deus é decisiva para todos. Em si mesmo, o Filho de Deus julga o mundo. No seu esvaziamento, nas palavras proferidas, no modo como atende as pessoas, na sua forma de ser profeta, na morte e ressurreição. Toda a vida de Jesus Cristo exige uma escolha absoluta. Diante dele não se pode ficar "em cima do muro": ou se coloca a favor ou contra. Então, a morte de Jesus torna presente mais diretamente esse juízo de Deus, mostrando-o como que um fogo que devora.
4. Lendo dessa forma, percebemos porque a presença de Jesus indica claramente a divisão. Sendo Ele a paz, não pretende estabelecer no mundo uma paz de acordos políticos, de ausências de conflitos em nome da fama e do calar-se diante das injustiças do mundo, ou mesmo pra não ferir A ou B. A paz que Jesus carrega consigo é fruto de uma escolha decisiva e, por isso mesmo, absoluta, e Ele deve ser o escolhido. Não haverá paz verdadeira fora DELE. Nesse caso, a divisão não se dá por meio de jogo de interesse de uns contra os outros, mas por causa da Verdade, do Bem maior, da própria salvação. E isso não deve causar nem espanto nem medo. Muitos não querendo abraçar tal realidade criam problemas, afastam-se, talvez até mesmo isolando-se. Quem, de fato, teve um verdadeiro encontro com Jesus, não deseja voltar ao passado jamais. Em nome de Jesus, o que não é verdade é descartado. A escolha por Jesus permite ao homem enxergar o mundo com os olhos de Deus.
Um forte e carinhoso abraço.
Pe. José Erinaldo
Escrito por Pe. José Erinaldo às 09h20
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19/10/2016
Quarta-feira, 19 de outubro de 2016
Lc 12,39-48
1. A figura do ladrão é um sinal do modo imprevisto da chegada de Jesus. Ele virá quando menos esperarmos, diz o texto. Ou seja, é importante que estejamos preparados em oração, comunhão com Deus e com sua Igreja, fazendo o bem, anunciando sua Palavra e sendo solidários uns para com os outros. Longe de um discípulo a preguiça, o desânimo e o não gosto pelas coisas de Deus. Lc quer justamente estimular sua comunidade a viver corajosamente a expectativa confiante da vinda do Senhor.
2. Jesus condena aqueles líderes judaicos que abusam do poder, fazendo sofrer o povo sob seus comandos. Para esses, a destruição será certa. A parábola também serve para os cristãos. Nenhum discípulo de Cristo deve seguir os passos dos arrogantes deste mundo. A condição de liderança de um discípulo é aquela de servo, à semelhança do seu Mestre. Ele vai ser sempre um servo entre os demais servos, servindo por amor ao Reino dos Céus. Mesmo que ele seja altamente preparado na doutrina, toda sua vida deve ser um dom colocado á disposição do crescimento espiritual e intelectual do rebanho do Senhor. Sua vida não será mais sua, mas de Cristo e de sua Igreja. Quanto mais ele souber, maior sua responsabilidade na Igreja.
3. A beleza de ser discípulo de Cristo é saber que somos identificados a Ele, não recebemos diplomas de vaidade, somos valorizados como seres humanos, descobrimos nossa fragilidade e o ser humano que devemos ser a cada momento, descobrimos o dom que somos e os dons que temos para o bem da Igreja e para a salvação do mundo e que estamos aqui, não como inúteis, mas como servos do Senhor para a construção do Seu Reino de AMOR, VERDADE E VIDA.
Um forte e carinhoso abraço.
Pe. José Erinaldo
Escrito por Pe. José Erinaldo às 09h30
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18/10/2016
Terça-feira, 18 de outubro de 2016
Lc 10,1-12
1. O Senhor escolheu outros setenta e dois discípulos. São Paulo, na carta aos romanos, faz uma sequencia interessante sobre a questão da escolha: Deus conhece, predestina para ser conforme à imagem de seu Filho, chama, justifica e glorifica (cf. Rm 8,29-30). Então, a escolha faz parte de um todo que tende à glorificação do escolhido, isto é, tende à realização da vocação primeira de cada ser humano (GS 22,5). Quanto aos 72, Lc traz à memória um dado judaico importante na época: os judeus acreditam que quando se deu a promulgação da lei no Sinai, a quantidade de nações existentes correspondia a 70. Assim, enviar 72 discípulos seria como que enfatizar a universalidade da missão de Jesus. Também é importante notar que os 72 não formam um grupo qualquer, mas um autêntico discipulado de Jesus, ao lado dos apóstolos, para realizarem a missão mesma do Mestre.
2. O discípulo é alguém escolhido pelo Mestre, foi convidado por iniciativa do Senhor. Ele não se tornou o que escolheu por si somente, mas foi escolhido. A ele, Jesus concedeu a graça de realizar a sua mesma missão, ir às mesmas pessoas, usandoseu poder curador e suas mesmas palavras, objetivando a mesma finalidade. Em outras palavras, o discípulo, tendo como honra ser discípulo, deve ser como seu Mestre, agindo segundo o Senhor. A condição do discípulo é a mesma do Mestre: mansidão, pobreza, pacífico, sua exigência é ser fiel, ser todo para Deus e para osmais necessitados, proclamar o Reino, não temer ser rejeitado, não abandonar pormotivo nenhum o anúncio do Reino, e, por último, deve lançar-se totalmente nasmãos do Senhor. Não deve existir nada que o impeça de lutar pelo Reino de Deus. O mundo lhe é hostil, como as nações a Israel, o mesmo com relação à comunidade cristã inicial. O mundo quer destruir a fé cristã, mas o discípulo não teme esse mundo, um mundo de lobos vorazes. O discípulo combate, sendo ele mesmo luz na Luz, que é JesusCristo.
3. Triste de quem rejeita um discípulo do Senhor. Significa colocar em xeque a própria salvação. É uma forma de rejeição ao próprio Jesus Cristo. Quem rejeita um discípulo, despreza aquele que ao discípulo se identifica. O discípulo é um oásis de Deus na terra, um horizonte para o mundo, uma esperança em meio a guerra, uma flor no deserto da vida, um consolo para todos. A presença de um enviado de Jesus Cristo é sinal da lembrança de Deus, do respeito que Ele tem para com os seus, uma ação de bondade no meio da história. Abrir as portas aos discípulos, é abri-las à entrada do céu naquela casa. A recíproca também é verdadeira. O discípulo é disponível, desapegado, solidário, irmão e amigo de quem o recebe, é um dom para todos, faz-se presença de Deus onde se encontra.
4. Precisamos colocar-nos em oração, a fim de que Deus envie mais operários para sua Igreja, homens e mulheres fiéis, apaixonados pela salvação da humanidade, pessoas que não temam dar suas vidas pelo bem de todos. Sejam leigos, religiosos, sacerdotes: todos são chamados a realizar a vontade de Deus no mundo, combatendo as trevas. Alguns dizem que hoje existe uma escassez tremenda de vocações, mas não acredito nisso. O que vejo é a frieza de quem poderia ser um sinal autenticamente vocacional para o outro, pouca disponibilidade para se preparar sacerdotes felizes com o sacerdócio de Cristo, homens e mulheres encantados com o Senhor a partir do testemunho recebido. As vocações estão bem aí, às portas, precisamos enxergá-las com mais atenção. Na verdade, nosso olhar se volta para o que mais nos interessa. Rezemos sem medo, sejamos verdadeiros instrumento nas mãos de Deus, para que Ele realize o que deseja na Igreja e para o mundo.
Um forte e carinhoso abraço.
Pe. José Erinaldo
Escrito por Pe. José Erinaldo às 10h28
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17/10/2016
Segunda-feira, 17 de outubro de 2016
Lc 12,13-21
1. A primeira coisa que nos vem com esse texto é o pronome indefinido "alguém". Com ele, não se diz diretamente quem está querendo a parte que lhe cabe da herança, porque indica qualquer pessoa que esteja nessa mesma situação. No caso do homem rico da parábola, alguém preso em si mesmo, prudente quanto a si, mas desumano quanto a partilha dos bens. Tal rico, juntando tudo o que possuía, preparando seu futuro, acumulando tantas coisas, demonstra um homem sem família, vida social, enclausurado na redoma do seu egoísmo. É tudo que não deve ser um discípulo de Cristo. Quando ele morrer, seus bens vão servir para a discórdia, para outros que lutarão com a arma da avareza. No fim da vida, mesmo na mentalidade falida do mundo, todos dirão que tudo não passou de vaidade (cf. Ecle 2,21). Trabalhou talvez pensando em deixar uma herança, mas não se preocupou em formar homens e mulheres capazes de Deus, de amor, fraternidade e solidariedade. O resultado não poder ser outro: onde há o domínio do jogo de interesse, da cobiça, há também a discórdia, a guerra e a morte. Quem para si tudo edifica, desprezando aqueles que necessitam, tornar-se-á faminto eterno do essencial, mas não será saciado. Sua vida foi pura vaidade.
2. Jesus não se mete em questões que devem ser resolvidas pelos magistrados. Sua preocupação maior ultrapassa esse ponto, indo à raiz do problema: a avareza, mediante a qual milhares de pessoas destroem a própria vida e a dos demais de sua família. Avareza é palavra sempre moderna, sempre presente na vida de quem ainda não foi capaz de se encontrar verdadeiramente com Cristo. É uma palavra que denota uma fome insaciável pelos bens mundanos, pelo desejo de ter tudo e sempre mais. Um discípulo de Cristo deve combatê-la com todas as suas forças. Na verdade, um discípulo deve fazer morrer tudo aquilo que pertence à terra: imoralidade, impureza, paixão, maus desejos e a COBIÇA, que é IDOLATRIA (cf. Cl 3,5).
3. "A vida de um homem não consiste na abundância de bens". Nós não fomos criados para viver neste mundo. Nossa realidade, mesmo humana, ultrapassa os limites do tempo. Uma vez batizados, fomos “ressuscitado com Cristo” (cf. Cl 3,1). Por isso, devemos esforçarmo-nos para alcançar as coisas do alto, devemos aspirar às coisas celestes (cf. Cl 3,1-3), devemos procurar, sem saudades do passado, viver em comunhão com Deus por meio de Jesus Cristo. Deus nos criou para Ele, para vivermos a vida DELE, por meio de Jesus Cristo, que nos assumiu, deu-nos sua vida e fez-se alimento de vida eterna para nós. Fomos criados para Deus mesmo, para participarmos de sua natureza, como filhos no FILHO. Recebemos o Espírito Santo, que nos inseriu no Corpo de Cristo, que nos fez participantes de Deus, filhos no Filho e, continuamente, nos configura a Jesus mediante os sacramentos.
4. Como discípulos, devemos ser totalmente de Deus. Nosso tesouro é o próprio Cristo. Nosso futuro é Deus mesmo. Nossa preocupação é estarmos sempre voltado para Deus e para a humanidade, partilhando tudo o que tem para o bem de todos. O dinheiro, em nossas mãos, se somos realmente discípulos, é aplicado para a justiça. Devemos, nessa condição, ser ricos no amor, na verdade, na paz, na justiça, solidariedade, fraternidade, unidade; devemos ter o serviço como nossa maior manifestação de interesse, vendo no outro, convertido, nosso maior investimento. Essa é a palavra chave: investir em nós, segundo Deus, e no outro, a fim de que todos possamos participar dignamente do Reino de Deus.
Um forte e carinhoso abraço.
Pe. José Erinaldo
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