8/10/2016
Sexta-feira, 28 de outubro de 2016
Lc 6,12-19
1. Jesus, como Mestre e Salvador, tem diante de si três grupos importantes de ouvintes: os apóstolos, os discípulos e a multidão. Os apóstolos foram escolhidos para serem o núcleo fundante da Nova e Eterna Aliança. O número doze já designa as doze tribos de Judá. Jesus com isso mostra que chegou o tempo da realização das promessas do Antigo Testamento. As doze tribos cedem lugar aos doze apóstolos, testemunhas autênticas da vida, missão, morte e ressurreição de Jesus (cf. At 1,2.21-22). No Credo se diz: "Creio na Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica". Diz o compêndio do Catecismo: "A Igreja é apostólica pela sua origem, sendo construída sobre o 'fundamento dos Apóstolos' (Ef 2,20); pelo ensino, que é o mesmo dos Apóstolos; pela sua estrutura, enquanto instruída, santificada e governada, até ao regresso de Cristo, pelos Apóstolos, graças aos seus sucessores, os Bispos em comunhão com o sucessor de Pedro". O número dos Apóstolos foi reconstituído para receber o dom do Espírito Santo em Pentecostes (cf. At 1,8.15-26).
2. Todo Apóstolo é discípulo, mas nem todo discípulo é Apóstolo. Jesus, dos discípulos, escolheu doze para uma missão toda especial, que se estende até hoje mediante a sucessão apostólica. São esses colunas seguras da Igreja de Jesus Cristo, por vontade de Deus mesmo. Os discípulo têm o encargo de testemunhar toda a vida de Cristo, especialmente sua morte e ressurreição, a todos os povos, sem fugir do princípio apostólico da fé. Eles também foram preparados por Jesus, conviveram com Ele, participaram dos momentos mais difíceis da vida de Jesus e forma testemunhas direta ou indiretamente do Cristo Ressuscitado. Foram homens e mulheres decididos a viver como um verdadeiro dom nas mãos do Mestre para serem instrumentos da realização salvífica do mundo.
3. Os Apóstolos, como também os discípulos, foram chamados, escolhidos, preparados e enviados como testemunhas de Jesus Cristo pelo mundo afora, chegando até nós. Cabe-nos agora levar esse mesmo testemunho adiante, pois muitos outros dependerão dele no futuro, e nós somos os verdadeiros responsáveis por essa mensagem a ser proclamada e vivida amanhã. Jesus Cristo faz discípulos em todos os tempos. A Igreja não para de ser o lugar da formação dos novos seguidores, amados e apaixonados discípulos e discípulas de Cristo. Hoje, agora mesmo, precisamos decidir tomar a estrada do DISCIPULADO. Não podemos mais perder tempo.
4. Existe uma multidão que nos espera, sedenta, sem rumo, sem orientação, sem horizonte, muitas vezes enrolado pelos trapaceiros da fé, os deturpadores da religião, os falsificadores da Palavra de Deus. É urgente que respondamos ao chamado de Jesus, colocando toda a nossa vida à sua inteira disposição. Certamente, Ele nos concederá a graça da sua presença, seu poder e a alegria da missão. Jesus quer curar, salvar e libertar o seu povo através dos seus discípulos, através de nós. Coragem!
Um forte e carinhoso abraço.
Pe. José Erinaldo
Escrito por Pe. José Erinaldo às 02h14
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27/10/2016
Quinta-feira, 27 de outubro de 2016
Lc 13,31-35
1. A primeira coisa a ser constatada aqui é que os fariseus não estão querendo proteger Jesus, mas, aproveitando-se do desejo de Herodes, para se livrarem do Mestre. Não devemos esquecer de que, no contexto lucano, os fariseus são falsos e hipócritas, e desejam, de alguma forma, eliminar a presença do "incômodo" Jesus. Este "Tu deves ir embora daqui" é próprio dos que não suportam os ensinamentos de Jesus, sua presença e sua santidade. É como que uma pedra no meio do caminho; é um obstáculo para aqueles que desejam viver e promover seus interesses de dominação. Ainda hoje é assim. Basta pensar um pouco no trabalho, na escola, na paróquia, em muitos lugares, existem aqueles que agem desse mesmo jeito. Alguns que se dizem professar a fé, que se apresentam como homens dignos, mas absolutamente presos às armadilhas do próprio interesse, do próprio "mundinho", dizem aos que querem lutar pelo Reino de Deus, por uma sociedade mais humana e digna da presença de Deus, que querem agir realmente em nome de Deus para o bem de todos, vocês têm que "ir embora daqui".
2. Herodes é simbolizado pelo Dragão do Ap 12, é o perseguidor da salvação, vulnerável nas suas ideias e propósitos, é rasteiro, amante do poder e da vida fácil, possuidor de uma face amiga, mas de ações terríveis contra os filhos de Deus. Muitos são assim até hoje, basta tirar-lhes a terra dos pés, ou mesmo se aproximar de sua "aldeia". Herodes eliminou do seu meio João Batista, o profeta da verdade. Agora deseja eliminar também a Jesus, o profeta dos profetas, a própria Palavra de Deus. Talvez Herodes quisesse Jesus presente, mas como seu escravo, para seus desvarios psicológicos. Realmente, ele desconhecia a presença da salvação, também desconhecida pelo grupo dos fariseus. Jesus estava ali somente para cumprir sua missão em obediência ao Pai.
3. A missão de Jesus deve ser cumprida em Jerusalém, a cidade dos profetas e onde estes eram assassinados. Em Jerusalém, Jesus queria não somente terminar sua caminhada na terra, mas cumprir sua missão salvífica. Ali ele deveria morrer e ressuscitar. Naquela cidade, estaria julgando o mundo e todos os que, revestidos de alguma autoridade, estavam manipulando os inocentes, explorando os semelhantes e agindo no mundo como sepulcros caiados. Seu objetivo ou mesmo o seu caminho pra Jerusalém não podia ser impedido por nada nem por ninguém, pois Ele estava fazendo a vontade do Pai. Nem Herodes nem os fariseus podiam impedi-lo de tal realização.
4. Jerusalém rejeita Jesus, mata-o fora de si mesma, do outro lado do muro o crucifica e o expõe terrivelmente como um excomungado. "Jerusalém, Jerusalém! Tu que matas os profetas e apedrejas os que te foram enviados!" Essa é uma realidade ainda, infelizmente, atual. Dois mil e dezesseis anos depois, o mundo age do mesmo jeito. Basta dar poder ao homem, em qualquer idade, em qualquer missão, e o espírito de morte toma conta dele contra os seus subordinados. Hoje, em muitos países, muitos cristãos são assassinados somente pelo fato de serem seguidores de Cristo. Há uma tremenda inimizade entre a mentalidade mundana e a mentalidade de Jesus Cristo. Um discípulo sabe qual mentalidade seguir, colocando-se no mundo como luz e não deixando-se envolver pelas trevas da realidade sem Deus.
5. Jesus diz que a cidade vai ser abandonada, que essa realidade contrária ao pensamento de Cristo vai ser também abandonada, que esse tipo de gente, se não se converter, vai sofrer os castigos dos seus atos. E aí conclui dizendo que um dia direis: "Bendito aquele que vem em nome do Senhor". Tomara Deus que possamos chamá-lo de coração. Como discípulos, invoquemos agora o nome de Jesus, arranquemos do nosso interior tudo aquilo que é desejo de dominação e exploração do outro, tudo aquilo que se chama manipulação, ódio, desprezo, falsidade e medo de diálogo. Abramos o nosso coração verdadeiramente ao Espírito de Deus e sejamos para o outro sal e luz.
Um forte e carinhoso abraço.
Pe. José Erinaldo
Escrito por Pe. José Erinaldo às 10h45
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26/10/2016
Quarta-feira, 26 de outubro de 2016
Lc 13,22-30
1. "Jesus atravessava cidades e povoados, ensinando e prosseguindo o caminho para Jerusalém". No contexto de Lucas, Jesus é aquele que anuncia o Reino caminhando para Jerusalém. Jesus tem essa cidade como foco, de modo que a imagem que se pode ter Dele é a de um missionário incansável e itinerante, pregando durante o dia e pondo-se em oração durante a noite. Pelo dia, com o Pai e todo para os homens, à noite, no silêncio, todo para o Pai. Em Jerusalém, segundo Lucas, dar-se-ia a manifestação completa de Jesus, a manifestação definitiva do Reino de Deus (cf. Lc 19,11). O discípulo precisa descobrir o seu objetivo, o seu foco, seu horizonte. Além disso, necessita ser alguém de fé, oração e decisão. Nunca temer as dificuldades, mas, silenciosamente, abraçar a verdade e, com amor, lutar até o final, confiando exclusivamente em Deus. Assim, Deus realizará tudo o que for para o bem salvífico de todos.
2. "Senhor, é verdade que são poucos os que se salvam". Diante dessa pergunta, Jesus, antes de tudo, propõe a seus discípulos a capacidade de serem decididos, desapegados de privilégios e da falsa certeza de salvação. Além disso, que sejam altamente disponíveis à vontade de Deus e sejam capazes de enxergar a ação de Deus de modo universal. O discípulo não pode achar que Deus será só dele, só do seu povo, um deus escravo de seus interesses. É como se aquele discípulo vivesse o tempo todo segundo suas ideias, pensando no seu único futuro, e os outros, os de fora, como que perdidos, abandonados, sem salvação. Jesus corrige essa ideia maluca, fora do pensamento salvífico de Deus. O que vale para o Senhor não são as obras humanas, os títulos, as honras, os privilégios e a condição humana. Para Ele, o importante é que cada pessoa, especialmente o discípulo, pratique a justiça (cf. Sl 6,9).
3. Jesus corrige a ideia de uma religião mágica, da aparência; uma religião fácil, boazinha, irresponsável e desumana. O que está em jogo não é o que se pensa da salvação, mas o que Deus deseja para a humanidade inteira. Deus não quer só os judeus (os primeiros), mas toda a humanidade. Israel não é o povo único de Deus, mas aquele escolhido para ser um sinal salvífico para todos os outros. É evidente o interesse de Deus pela salvação daqueles considerados os últimos. O discípulo necessita descobrir sempre mais qual a vontade de Deus na sua vida e para o outro. Nunca se achar pronto, único e o melhor, mas sempre estar a caminho, com os outros e servo dos demais. Certamente, não será fácil. A estrada não é mágica, mas real, com todas as suas dificuldades; a porta é estrita, mas facilita o ingresso a quem está decidido entrar para uma realidade nova. O segredo é ser totalmente disponível à vontade Deus, humilde em tudo o que deve fazer, servo no Servo, filho no Filho, e consciente de ser um semeador apaixonado da Palavra de Deus.
Um forte e carinhoso abraço
Pe. José Erinaldo
Escrito por Pe. José Erinaldo às 08h54
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25/10/2016
Terça-feira, 25 de outubro de 2016
Lc 13,18-21
1. O que é o Reino de Deus? É Deus mesmo agindo em nós, na criação e na história, vencendo o mal e dando-nos a graça da salvação. Tal ação de Deus respeita a lentidão do nosso desenvolvimento psicológico, físico, intelectual e espiritual; respeita também o processo legítimo da nossa liberdade, limitada e envolvida com muitas coisas que nos impedem sermos absolutamente SIM aos desígnios de Deus. A ação de Deus começa na simplicidade, de modo insignificante e obscuro à semelhança de uma semente de mostarda e de fermento na farinha, mas que tende a possuir um futuro grandioso, qualitativamente maravilhoso. Certamente, não se descarta o aspecto quantitativo, uma vez que a Palavra de Deus deve chegar a todos no mundo inteiro, mas a ênfase principal é colocada na qualidade, no crescimento humano de sua dignidade e de sua vida de comunhão com Deus.
2. Não se pode medir a ação de Deus. Ele age no silêncio imperceptível. Esse é um claro sinal de que o discípulo deve confiar absolutamente em Deus, que nunca falha, nunca desiste e nunca erra. O discípulo está certo de que Deus mesmo é seu futuro e tudo concorrerá para o bem de todos, graças a potência do Senhor. Deus não desiste de agir na história nem na vida de cada filho, conquistado à preço de SANGUE. O discípulo é uma conquista de Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo (1Cor 6,20).
3. O Reino é o próprio Cristo presente na história e na vida de cada um. Ele nos assumiu, morreu por nós e por nós ressuscitou. Além disso, escolheu doze dos seus discípulos, designou-os apóstolos e os enviou pelo mundo inteiro (Mt 28,19). Na força do Espírito Santo, princípio vital da Igreja, o Reino de Deus, a partir de um núcleo quase que insignificante, estende-se pelo mundo, movido pela eleição, preparação, envio, força e futuro de Deus. Esse Reino chegou até nós. Hoje fazemos parte desse Reino de Deus pela fé e pelo batismo. Se bem que não para aqui, deve avançar, pois outros participarão desse Reino por causa de Deus e através da nossa resposta à vontade do nosso Deus e Senhor. Do Reino de Deus, também somos responsáveis.
4. O Reino de Deus também é visível no nosso crescimento espiritual. A cada dia quando avançamos na graça de Deus, quando colocamos o amor e a verdade acima de tudo, quando nos decidimos pela vida mediante uma profunda vida de fé, assim estamos permitindo ao Reino crescer em nós. Além disso, quando somos humildes, fraternos, corajosos no combate, solidários com os outros, perseverantes na oração e na vocação, confiantes no poder de Deus e cheios de esperança no seu futuro, também assim revelamos o Reino de Deus. Mais ainda, quando nos tornamos um dom de Deus para os mais necessitados de alimentação, conhecimento e testemunho de vida, também assim, permitimos ao Reino de Deus sua visibilidade.
Um forte e carinhoso abraço.
Pe. José Erinaldo
Escrito por Pe. José Erinaldo às 09h15
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24/10/2016
Segunda-feira, 24 de outubro de 2016
Lc 13,10-17
1. Segundo episódio de cura em dia de sábado. Vê-se que Jesus não entrava de forma alguma no formalismo doentio dos “puros” de Sua época e não suportava tanta hipocrisia entre a verdade da revelação e a prática farisaica dela. A mulher que implora a cura se torna sinal da transposição do “sábado” para Jesus. É bem verdade que o SÁBADO é importante para a vida de fé, mas não pelo fato de ser um dia normal da semana, e sim pelo significado profunda a vida de comunhão com Deus e com o próximo. O sábado marcou a primeira Aliança e destinava-se à sua realização no próprio Jesus Cristo Ressuscitado. Em Cristo, no Domingo da Ressurreição, o sábado encontrou seu pleno sentido, sua realização, seu fim último. Dessa forma, o Dia da Ressurreição tornou-se o DIA da NOVA E ETERNA ALIANÇA, o dia da vitória sobre a morte, o mal e o pecado; o DIA do Sim do Pai à humanidade, da nova criação e da nova história; o DIA da FÉ, do AMOR e da VIDA; o DIA da fraternidade universal.
2. O dia especial para Jesus é aquele da verdadeira manifestação do amor. Todo o Seu ser se coloca à disposição da cura e libertação do outro. Ele não espera, pelo contrário, é dele a iniciativa, vista nesse texto a favor de uma pobre duplamente excluída: por ser mulher e pelo fato de estar atormentada por uma doença crônica, determinada pelo mal. Jesus ensina que o Dia do Senhor se revela na ação libertadora. Por isso, Ele cura aquela mulher e a liberta diante da sociedade e para Deus, que se torna o objetivo maior na vida dela. Uma vez livre, ela se torna uma discípula, um autêntico instrumento evangelizador. A mulher toma consciência de que a cura é um dom de Deus para a salvação. A vida dela tornou-se um milagre.
3. Tal gesto de Jesus desmascarou os judeus ali presentes, mostrando como são apegados a si mesmos, aos seus interesses, e totalmente despreocupados com as necessidades dos demais, mesmo em dia de sábado. Havia uma tremenda esclerose do formalismo religioso. Eles olhavam pra suas necessidades e apresentavam um “Deus” segundo a imagem deles, na forma como compreendiam o pensamento do Senhor. Então, por isso, o sábado tinha o significado que eles entendiam, a Lei era interpretada do jeito deles, e o povo tinha que viver do jeito apresentado por eles. Não havia saída: ou seguiam os passos deles ou eram escanteados como pecadores. Quebrar esse ciclo não era tão fácil, mas Jesus o fez. Mostrou para todos eles a fragilidade do que pensavam e da forma como entendiam; deixou-os cientes do uso-fruto da fé em detrimento da doação de si mesmos. A eles e a todos, Jesus revelou que somente aderindo ao Filho de Deus, tanto judeus quanto qualquer um de qualquer parte do mundo poderá saber quem é Deus, qual seu pensamento e seu projeto de salvação. Jesus revelou-se PALAVRA ABSOLUTA do Pai, CAMINHO único de salvação e INTERPRETAÇÃO plena da vontade de Deus.
Um forte e carinhoso abraço.
Pe. José Erinaldo
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