19/11/2016
XXIV Domingo do Tempo Comum (Domingo de Cristo Rei), 20 de novembro de 2016 Lc 23,35-43
XXIV Domingo do Tempo Comum (Domingo de Cristo Rei), 20 de novembro de 2016
Lc 23,35-43
Antes de tratar do evangelhos em si, convém, antes de tudo, que tenhamos em mente expectativa do povo judeu quanto ao messianismo dinástico. Eles esperavam um Messias que restaurasse a dinastia de Davi, conduzisse o povo à liberdade e o tornasse mais forte do que todos os outros povos. Além disso, que estabelecesse a paz em Israel e no mundo. Tal Messias teria que ser enviado por Deus, possuisse sua autoridade e combatesse pelos mais fracos. Dele ninguém poderia tirar a realeza, pois daria eternidade ao reino de Deus na terra. Com isso, é claro, que o pensamento sobre o Messias, não se afastava da mentalidade mundana do poder. Era como que um poder sobre outro como sempre tem acontecido na histório. Assim continuaria tudo como antes, mudando apenas os cenários. Vejamos o que nos diz o texto em seis pontos.
1. “O povo permanecia lá, olhando”. O que mais podia fazer? Tudo estava sobre o controle das lideranças religiosas e políticas. Certamente muitos do povo tinham conhecimento das muitas coisas realizadas por Jesus, mas também muitos seguiam os ditames frenéticos dos líderes, a semelhança do que acontece até hoje. Na verdade, o povo não tomou partido como agente do desfecho vergonhoso para Israel da morte do Inocente. O olhar do povo talvez reclame da desumanidade do ato, revele o aparente fim de todas as esperanças, a destruição de uma possível realidade nova e libertadora para todos. É interessante como Lucas gosta do uso do verbo OLHAR, como que exprimindo o âmago da alma, a mais profunda sede do ser humano.
2. “Os chefes, porém, zombavam e diziam: ‘A outros salvou, que salve a si mesmo, se é o Cristo de Deus, o Eleito’”. Esse é o segundo grupo, o dos chefes religiosos, aqueles que deveriam, acima de tudo, ter acolhido o Messias de Deus, pois tinham as chaves do conhecimento das Sagradas Escrituras, podiam interpretar a Lei e manifestar Jesus para todo Israel. Ao contrário do que deveriam fazer, foram incrédulos, desumanos e infiéis, pois trocaram o Salvador do mundo por César. Tudo que sabiam da Palavra de Deus, lançaram por terra ao virarem a face contra Jesus. Negando-O, desprezaram o Pai, que, pelo Espírito Santo, os preparou para o mais importante encontro com Seu Messias. Começa com eles, então, a sequência diabólica para afastar Jesus da cruz, para eliminar o projeto do Pai em Jesus Cristo, tornando o Filho desobediente ao Pai. Eles são os verdadeiros responsáveis, no aspecto da conjuntura organizativa do ato, pelo sacrifício do Mestre de Nazaré. Fazem questão de apresentá-lo como um DERROTADO, MALDITO, incapaz da própria salvação. Lançam Jesus num desafio, como fez Satanás no deserto, zombam DELE e O humilham ferozmente.
3. “Os soldados também caçoavam dele; aproximando-se, traziam-lhe vinagre, e diziam: ‘Se és o rei dos judeus, salva-te a ti mesmo’”. Esse é o terceiro grupo, e o segundo na escala da tentação, a fim de afastar Jesus do sacrifício redentor. Tais soldados, homens formados na escola do desafeto, das lutas constantes, da solidão e dos ditames de seus líderes, numa situação como essa, não poderiam agir de outro modo senão na forma de dependência às ordens militares, até porque dependiam dos soldos para si e seus familiares. Era-lhes mais cômodo ficar do lado dos criminosos, dos que madavam, pois diantes deles o que podiam ver era um homem nú, desfigurado, humilhado, tido como traidor, maldito, desprezado pela própria religião judaica ali representada pelos chefes do Sinédrio. Tomaram, então, o lado do favorecimento pessoal.
4. “Um dos malfeitores suspensos à cruz o insultava, dizendo: ‘Não és tu o Cristo? Salva-te a ti mesmo e a nós’”. Essa é a terceira vez da sequência de tentações no quadro do calvário. Trata-se agora do que vou chamar de quarto grupo (o mau ladrão e o bom ladrão, conforme tratarei logo após). O “mau ladrão” traz o título religioso, indicando a condição vivida por Jesus diferentemente da forma pensada pelos judeus: Ele é o Cristo, o Ungido do Pai. Sabia-se que o Messias teria poder de salvação, no entanto, ali estava um fracassado. O Diabo, portanto, aproveita o momento para ferir o Filho de Deus, torná-lo ridículo e insignificante, forçando-O a entrar na lógica da humanidade, escrava da Serpente. No entanto, algo extraordinário acontece. Essa mesma humanidade também esperava se tornar livre das amarras do mal, não estava completamente perdida, aspirava ao bem, pois Deus nunca a abandonou. Entra em cena, nesse mesmo grupo, o “bom ladrão”, representando todos que, apesar do pecado, percebem o desejo de Deus dentro de si.
5. “Mas o outro, tomando a palavras, o repreendia: ‘Nem sequer temes a Deus, estando na mesma condenação? Quanto a nós, é de justiça: pagamos por nossos atos; mas ele não fez nenhum mal’. E acrescentou: ‘Jesus, lembra-te de mim, quando vieres com teu reino’”. O “bom ladrão”, na verdade, foi visto aqui por Lucas como aquele que soube fazer de sua vida uma possibilidade contínua de transformação, mesmo vivendo uma situação complicada de pecado. Ele tinha consciência dos seus atos, sabia que era merecedor da aplicação da justiça, não queria terminar sua vida numa miséria espiritual. Lucas o mostra como um homem temente a Deus, humano e cheio de esperanças. Nessa situação, muito mais importante que os líderes de Israel, os “puros” mestres do povo de Deus, talvez um ignorante das Escrituras, mas um homem aberto ao Espírito de Deus, que o fez legítimo intérprete das Escrituras antigas. Por ele, o Messias é revelado no calvário com o mesmo nome dado no nascimento: Ele é Jesus (Deus salva, isto é, sua natureza: divina; sua missão: salvar). Alem disso, revela-se por ele que o aspecto político: Ele é Rei. Certamente não como os reis da terra, mas conforme a vontade de Deus, pois Ele governa servindo, amando, entregando sua vida pela bem do outro. Sua ação é fundamentada na verdade, transmitida com amor e exigida pela fé simples e humilde.
6. “Em verdade, eu te digo, hoje estarás comigo no Paraíso”. Interessante que, de todos que falaram, somente ao “bom ladrão” Jesus respondeu e, ainda, assegurou-lhe a salvação. Jesus foi reconhecido e acolhido justamente onde Ele queria, na forma como Ele viveu, e onde a maioria apenas o ignorava. Não quis ser reconhecido num berço de ouro, sentado num belo trono, vestindo roupas suntuosas, endossando uma coroa de pérolas preciosas, bajulado por ministros e convivas, reinando sobre homens e mulheres desconhecedores da verdade sobre si mesmas. O “bom ladrão” O reconheceu, quando o Filho de Deus se encontrava impotente, desfigurado, humilhado, nú, com uma coroa de espinhos, preso a uma cruz, cercado de malfeitores, zombadores, infiéis, incrédulos e traidores. Vê-LO como Deus, Salvador, Messias e Rei nessas condições é sinal de que compreendeu a mentalidade que desafia o mundo, que humilha os poderosos, que vence Satanás; a mentalidade que tira o homem da escravidão do poder maligno e de si mesmo, para viver a liberdade dos filhos de Deus, sem medo de ser servo, amigo, fraterno, solidário, perseguido e instrumento do estabelecimento do Reino de Deus.
Um forte e carinhoso abraço.
Escrito por Pe. José Erinaldo às 16h52
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18/11/2016
Sexta-feira, 18 de novembro de 2016 Lc 19,45-48
Sexta-feira, 18 de novembro de 2016
Lc 19,45-48
1. O Templo é lugar de oração. Jesus Cristo não suporta a situação em que se encontra o templo de Jerusalém. Aquele que deve ser o lugar da comunhão com Deus, transformou-se num ambiente de ladrões, exploradores, comerciantes. No templo se travavam lutas pelo lucro e pela presença de quem tinha dinheiro. A corrupção tinha tomado conta do lugar mais sagrado de Israel. Aquilo que deveria ser o âmbito de Deus, tornou-se o lugar de satanás. Reinava no templo a injustiça e a impunidade.
2. Jesus avança, sem meias medidas, no combate a essa realidade inimiga de Deus, do jogo de interesse e exploração do outro. Ele não teme ser perseguido, não procura respeito social e acordos políticos em detrimento da salvação do ser humano; seu ser é todo para o Pai e toda sua vida é tornar de Deus o que é de Deus. O templo pertence à honra e glória do Senhor. Ele é zeloso com aquilo que pertence ao Pai. Jesus não teme enfrentar os poderosos do templo, aqueles que, com a falsa religiosidade, manipulavam todas as coisas para si. A ação de Jesus provocou a vaidade dos dominantes do templo, os quais não tiveram dúvidas de decretar sua morte.
3. A ação de Jesus tem como objetivo dar ao templo sua finalidade primeira, fazê-lo voltar ao seu objetivo: é casa de oração; é o lugar da comunhão com Deus e com os irmãos; é o ambiente da possibilidade de transformação interior; é o lugar da vida nova, de refrigério, alento vindo de Deus nas mais difíceis dificuldades sofridas; é o lugar da esperança.
4. Segundo Lc, Jesus ensinava "todo dia no templo" (19,47). Jesus exercia seu ministério de pregação da Palavra de Deus onde antes se pregava o lucro desordenado; Jesus ensinava investir no outro, a fim de que ele pudesse ser sempre melhor e pudesse encontrar sua salvação; mas no templo, antes, ensinava-se que o outro é importante enquanto tem algo a oferecer, enquanto possui aquilo de que se necessita financeiramente. Jesus ensinava o desapego, mas os poderosos do templo faziam de tudo para terem tudo. Jesus ensinava o amor pelos mais simples, os mais pobres, mas no templo, os poderosos davam lugares de honra aos poderosos e o último lugar aos filhos de Deus necessitados. Jesus ensinou aquilo que ele sempre foi: um servo, simples, amante da vida, da verdade, do amor e da paz. No templo se ensinava o poder, o ter, a destruição da vida pelo lucro, a mentira, a divisão, a guerra (certamente como consequencia da busca de si mesmo). Realmente, esse templo deveria ser destruído. Jesus quer construir o novo templo do seu Corpo, portanto, um novo povo, uma nova Aliança.
5. O líderes do Templo queriam matar Jesus. A grande dificuldade que encontram para isso foi o amor do povo pelo profeta, que anunciava a verdade, amando aquele povo, e denunciava os abusos do poder e manipulação da realidade querida por Deus para libertação de todos. O povo viu em Jesus seu libertador, uma nova esperança. Encontrou nele a VERDADE, O AMOR E A VIDA. Ainda hoje, apesar de tudo o que a Igreja já viveu e pregou, muitos continuam da mesma forma querendo matar Jesus.
Um forte e carinhoso abraço.
Pe. José Erinaldo
Escrito por Pe. José Erinaldo às 08h37
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17/11/2016
Quinta-feira, 17 de novembro de 2016 Lc 19,41-44
Quinta-feira, 17 de novembro de 2016
Lc 19,41-44
1. Jerusalém teve a oportunidade de mudar completamente o rumo de sua história, mas optou pela cegueira, não foi capaz de ver o Filho de Deus, o Messias esperado, o seu Salvador. Apesar de ser um povo preparado para ser sinal de Deus para o mundo, não conseguiu se afastar dos mesmos interesses mundanos. É bem verdade que se preocupou em viver os Mandamentos e a Unicidade de Deus, mas não soube viver do jeito de Deus. Pelo contrário, usou as mesmas armas do mundo pagão, procurando ser uma potência política-religiosa. A sede de poder estava empregnada nas suas entranhas.
2. A cidade está aberta a qualquer um, mas a Jesus o mais importante seria a abertura do coração, o que não ocorreu. Essa abertura diz respeito à realidade dos investimentos, aos assuntos econômicos, enriquecimento do Templo e da cidade. Jesus chora sobre Jerusalém, pois sente a distância desse povo, o desprezo e a indiferença ao projeto do Pai. Ele não era bem-vindo, porque pensava diferente da mentalidade econômica e religiosa das lideranças judaicas. Aquele não era um ambiente para o Salvador do mundo segundo princípios de renúncias, mas para quem quisesse investir e tornar Israel uma verdadeira potência. Jesus chora porque Jerusalém trocou Deus UM e ÚNICO pela IDOLATRIA do mundo. A questão é que o coração do homem continua mau enquanto não se identificar com Cristo.
3. Jerusalém tornou-se lugar de corrupção, lábios prontos para proclamar o nome do Senhor, mas um coração empedernido na busca dos prazeres e dos interesses mundanos. Deus não quer estar simplesmente nas palavras, nos discursos, nas conversas. Tudo isso pode ser importante, mas, muito mais que isso e de suma importência, é tornar a própria vida um santuário do Altíssimo, fazer da própria mente um lugar de encontro com Deus. Tudo o mais vem como acréscimo. Pois bem, Jesus Cristo quis Jerusalém voltada para o Deus ÚNICO por meio DELE, que veio como o Esperado, o Filho do Homem, o Caminho para o Pai. Ele veio como o VERDADEIRO Messias, o portador da paz e da salvação.
4. A sorte dessa cidade está estabelecida, ela vai cair. De fato, nos anos 70 d.C, Tito, general do imperador romano, invadiu a cidade, destruiu o Templo, de tal modo que nunca mais aquela cidade pôde se reerguer. A vaidade lançou Jerusalém no precipício. A idolatria levou Jerusalém ao fundo do poço. Enquanto combatiam a idolatria de “imagens de ídolos”, tornou-se ESCRAVA da pior idolatria, aquela do DINHEIRO e do PODER, para poder realizar seus mais primitivos instintos prazerosos. De fato, não havia mais jeito, Jerusalém abraçou a Serpente.
5. Uma nova Jerusalém só se tornou possível em Jesus Cristo. A Igreja é a Nova Jerusalém, mas cabe, a cada membro, cada cristão não esquecer que sua vida deve ser, a todo momento, identificada com Cristo. A lógica do mundo, do império deve ser banida do seu coração e de sua mente, para poder viver a lógica do Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo.
Um forte e carinhoso abraço.
Pe. José Erinaldo
Escrito por Pe. José Erinaldo às 09h43
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16/11/2016
Quarta-feira, 16 de novembro de 2016 Lc 19,11-28
Quarta-feira, 16 de novembro de 2016
Lc 19,11-28
1. Em Mt 25,14-30, essa parábola trata dos talentos e faz referência a um homem rico. Aqui, em Lc, trata moedas (minas) e de um nobre que vai receber o título de rei. O fundo histórico é a ida de Arquelau, filho de Herodes Magno, a Roma para receber de Augusto tal título, tendo em vista o governo de Judá. Nobres judeus, antes dele, manifestaram ao imperador sua repulsa ao filho de Herodes, que não recebeu o título de rei e, por isso mesmo, ao retornar mandou massacrar a todos os traidores.
2. Pois bem, saindo do dado histórico, afirmamos que aquele que recebe uma quantidade x de moedas é justamente aquele que tem capacidade para multiplicá-la. Suas qualidades devem estar a serviço de tal empenho. Os talentos indicam o dom salvífico de Deus, o qual, estando ligado às qualidades daqueles que acolhem esse dom, para a realização da vontade de Deus. Pode-se dizer que é o Reino de Deus, Sua Palavra, os Mandamentos e a Fé, e hoje, também os sacramentos.
3. No texto de Lc, 10 empregados receberam a mesma quantidade de cem moedas. Deles, dois prestaram conta do que receberam mais o lucro. O terceiro, por medo, incapaz de correr riscos, preguiçoso, homem de má indole, desrespeitoso para com seu patrão, talvez alguém que pensa somente em si mesmo, individualista, alguém sem horizontes e, portanto, sem esperança, enterra as moedas. É, na verdade, um acomodado, satisfeito com o que está aí, que vive na comodidade da lei, ligado apenas ao que lhe oferece tranquilidade diante da vontade de perfeição de Deus. Essa é a lógica farisaica, a lógica de quem tem medo do risco de se lançar na novidade de Deus. Esse é o tipo sem amor, que ainda não teve um verdadeiro encontro com Jesus, que não se preocupa com a salvação do mundo, que não responde ao mandamento de Jesus de ir pelo mundo e pregar o Evangelho a todos os povos.
4. A lógica de Jesus Cristo é outra. Assim como no mundo dos negócios não se pode lucrar sem riscos, o mesmo se dá com multiplicação dos dons de Deus. Cabe a cada pessoa, que se encontrou com Cristo, aplicar-se totalmente na causa do reino de Deus, fazendo de sua vida um verdadeiro dom e, ainda, usando os dons que possui para fazer o bem e levar a mensagem da salvação a todos. Não pode ser discípulo de Jesus Cristo quem só deseja viver no conforto da lei, pensando somente em resguardar a própria vida. É necessário ir ao mundo inteiro, correr grandes riscos no meio do mundo, sem temer as tentações nem muito menos as perseguições. Não existem homens e mulheres perfeitos, mas pessoas limitadas, fracas, mas cheias da graça de Deus, impulsionadas pelo Espírito Santo, para levarem o Evangelho a todo o mundo.
5. Essa parábola lembra uma cena de juízo. Indica a inda de Jesus ao Pai, o tempo da Igreja e a Parsia (segunda vinda do Salvador). Além disso, Produz uma reflexão sobre o que fomos capazes de fazer e o que deveremos fazer daqui pra frente. O que fizemos com os bens de Deus? O que podemos ainda fazer? Correremos riscos? Tememos o mundo? Amamos o Senhor ou o temos medo dele? O que fizemos e o que faremos com o dom que somos e com os dons que temos? Os que produziram são os discípulos totalmente voltados para o Senhor; o que nada produz é aquele inútil, segundo o texto de Mt, aquele que não é capaz de se configurar a Jesus por ação do Espírito Santo. Ao que mais lucrou, mais será dado, mais é aumentada sua participação na vida de Deus. Quanto mais voltado para Deus, mais conhecedor da verdade, mais responsabilidade salvífica, mais entrega de si mesmo, mais todo de Deus.
Um forte e carinhoso abraço.
Pe. José Erinaldo
Escrito por Pe. José Erinaldo às 10h33
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15/11/2016
Terça-feira, 15 de novembro de 2016 Lc 19,1-10
Terça-feira, 15 de novembro de 2016
Lc 19,1-10
1. No texto anterior, antes de chegar à cidade de Jericó, Jesus cura um cego, mesmo com as dificuldades impostas por muitos quanto à possibilidade de um encontro entre o cego e Jesus, que o liberta e permite que ele se transforme num proclamador das maravilhas de Deus. No texto acima, Jesus estava atravessando a cidade quando um chefe dos cobradores de impostos, muito rico, procura vê-Lo. Aqui também surgem algumas dificuldades: ele era muito baixo e a multidão o impedia de realizar seu objetivo. Então ele faz todo o esforço possível: corre, sobe numa figueira, humilha-se. Interessante observar todo o processo para a realização de um objetivo não tão complicado, pois viam Jesus, mas o caso de Zaqueu era diferente, pois o "ver" em Zaqueu fazia parte de uma abertura, algo novo que já estava sendo construído dentro dele. Esse "ver" significa "conhecer" e possibilidade de mudança de mentalidade, conversão. Tudo parece contrariá-lo, mas ele insiste. Subir aquela figueira pode ser um sinal de ter que passar pela cruz.
2. Jesus se posiciona debaixo da figueira. Ali mesmo poderia ter conversado com Zaqueu. O lugar era favorável, mas não perfeito. O encontro com Jesus deve acontecer, antes de tudo, no mais íntimo de nós. Por isso, o lugar mais adequado e mais importante seria a própria casa de Zaqueu, sua intimidade. Jesus olha pra cima e pede a Zaqueu pra descer da árvore, como se quisesse dizer: desce Zaqueu, pois nesta árvore ficarei eu para tua salvação. Não quero te ver crucificado, mas que tu me vejas crucificado por ti. Não quero que tu tenhas uma visão panorâmica de mim, desce, pois, vem ao meu encontro, pois também desci pra me encontrar contigo. Desce depressa, não perca tempo, chegou o momento da tua salvação: "Hoje eu devo ficar na tua casa". Jesus tomou a iniciativa da salvação. Enquanto esperava por Jesus, Zaqueu lembrava o povo de Deus na expectativa da chegada do Messias, mas quando desceu da árvore e com alegria recebeu Jesus, indicava os pecadores na alegria de ter encontrado o Salvador.
3. Os murmuradores, chamados "santos", ignoraram Jesus na casa do chefe dos cobradores de impostos, na casa de um pecador. Os puritanos acham que são os únicos dignos de Deus, vivem as normas, que são importantes, mas não são capazes de dar o passo na aplicação do significado da Lei para a libertação própria e do outro, e, por isso mesmo, causam dano ao bem salvífico do próximo. Fazem seus encontros fechados, não querem se contaminar com quem ainda não se encontrou com Deus, não desejam misturar-se com os desorientados do mundo. Assim esquecem de uma coisa muito clara no Evangelho: "Ide pelo mundo e pregai o Evangelho a toda criatura" (Mt 28,19). Quem foi enviado? Hoje, quem é enviado? Certamente quem já se encontrou com Jesus Cristo, quem, possivelmente, já tem uma vida de santidade; quem, de fato, já assumiu o ser discípulo de Cristo; na verdade, todos os batizados. O santo precisa estar entre os pecadores como luz do mundo.
4. Zaqueu acolheu Jesus em sua casa, e, por Jesus, foi acolhido na salvação. Ambos se acolheram mutuamente, dando um ao outro aquilo que possuíam: Zaqueu entregou-se totalmente, restituindo tudo o que tinha roubado dos outros e ainda mais do que havia tirado deles; Jesus o declara filho de Abração, um participante da graça dos descendentes da promessa de salvífica por meio do mesmo Jesus Cristo, a descendência por excelência e cumpridor da promessa. A ação de Jesus demonstra claramente que todo mundo é pecador, que todos necessitam de sua acolhida e que deve ser acolhido no coração de cada um. A salvação é o encontro de duas escolhas: da escolha de Deus, como iniciativa, e da escolha do homem, como resposta.
5. E nós, também queremos ver Jesus hoje? Quais são os nossos maiores empecilhos para uma verdadeira conversão? Estamos dispostos a fazer todo o sacrifício possível por Ele? Até mesmo abraçar a cruz? Ainda temos a sensação de que somos "santos", desprezando os pecadores? Como somos? O que queremos? Estamos dispostos a seguir Jesus Cristo do jeito dele?
Um forte e carinhoso abraço.
Pe. José Erinaldo
Escrito por Pe. José Erinaldo às 11h06
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14/11/2016
Segunda-feira, 14 de novembro de 2016 Lc 18,35-43
Segunda-feira, 14 de novembro de 2016
Lc 18,35-43
1. Segundo Lc, Jesus está chegando a Jericó. Já Mt e Mc afirmam que Jesus está saindo da mesma cidade. A questão é que Lc dá um lugar histórico à libertação do cego. Essa cura indica a preocupação de Jesus com os mais sofredores, sua atenção para com todos os necessitados e seu amor pelo ser humano. Ele escuta a voz de quem precisa. Muitos querem impedir o encontro entre o necessitado e o Salvador. Ele, porém, sente a dor do outro mesmo que seja grande o barulho ao seu redor ou a distância física que os separa.
2. Jesus é proclamado o Messias, quando no grito do cego vem a expressão "filho de Davi". Essa proclamação antecede sua entrada em Jerusalém aos gritos de "hosana ao filho de Davi", celebrado no Domingo de Ramos. O Messias é o Servo, que, negando todas as regalias dos mundo, todo o ideal imperialistas de sua época, toda e qualquer ideia de poder político dominador, abraça a vida de obediência à vontade do Pai, de serviço aos homens e mulheres, que se tornarão, por meio dele, filhos e filhas de Deus.
3. Jesus liberta aquele homem cego, física e espiritualmente. Mediante a fé, o homem restaura sua visão e sua alma. Nasce, portanto um homem novo, que deixa a beira da estrada para seguir Jesus Cristo. Essa cura revela um processo de libertação interior direcionado a cada discípulo. O mundo cega o homem, destrói suas esperanças, acorrenta-o nos seus interesses, torna-o escravo de ilusões e inimigo de si mesmo. O encontro com Cristo permite descobrir o "Homem Perfeito", o "Homem Novo", que é o próprio Jesus. Fixando o olhar em Jesus e escutando-o, o homem descobre a si mesmo, um futuro e a alegria de ser um ser humano; descobre que no mundo sua morada é passageira, efêmera, ilusória, mas também lugar de preparação para a verdadeira casa, a pátria eterna.
4. Muitos que já possuíam uma caminhada na Igreja, largaram tudo para viverem uma experiência mundana. Hoje, essas mesmas pessoas estão sendo convidadas a um novo reencontro com Jesus. Aos discípulos, cabe irem ao encontro deles e conduzí-los a Jesus. Somente nesse encontro é possível, a quem DELE se aproxima, mudar o rumo de sua vida. A partir daí, o mais importante é que possam "enxergar" novamente; redescobrir a beleza de ser um filho de Deus e seguir Jesus Cristo, proclamando-O Senhor e Salvador. Agora mesmo, você está sendo convidado (a) a renovar sua fé, seus conceitos e suas concepções, a fim de dar um grande passo na sua vida, fixando seus olhos em Jesus Cristo morto e ressuscitado.
Um forte e carinhoso abraço.
Pe. José Erinaldo
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