História da América do Sul
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A História da América do Sul é marcada por uma tendência de ascensão e declínio de impérios e dominações estrangeiras, desde a derrocada dos Incas,
colonização e as guerras de independência, até mais recentemente, por
sucessivas ondas de ditaduras e redemocratização. Apesar disso, embora
muitas vezes se tratem os países do continente como bastante similares
e politicamente ligados, estes processos políticos não ocorreram de
forma homogênea em todos os países — dos quais são exceções notáveis,
ao longo dos séculos, o Brasil e as Guianas.
[editar] Pré-História
A América do Sul foi provavelmente o último continente do planeta a ser habitado por humanos, à exceção da Antártida. Segundo a teoria paleontológica mais consolidada, os primeiros habitantes do continente teriam chegado por terra, vindos da América do Norte e, antes disso, da Ásia por meio de uma ponte de gelo existente entre os dois continentes na última Era Glacial. Outras teorias, no entanto, especulam que a América do Sul poderia ter sido povoada por polinésios que teriam atravessado o Oceano Pacífico em jangadas de bambu.
As primeiras evidências de ocupação humana datam de 6500 a.C., por vestígios de agricultura: batata e feijão eram cultivados na bacia do Amazonas. Outros vestígios, de cerâmica, indicam que o cultivo da mandioca (até hoje alimento básico no continente) existiu desde pelo menos 2000 a.C.. Nesta época, já havia várias aldeias nos Andes e arredores.
Nos rios e no litoral (principalmente no Pacífico), consolidou-se a pesca, que ajudou a ampliar a base alimentar. Lhamas e alpacas foram domesticados a partir de 3500 a.C., servindo para a produção de carne, lã e como transporte.
Por volta do ano 1000, mais de dez milhões de pessoas habitavam o continente, concentrados principalmente na Cordilheira dos Andes e no litoral norte, banhado pelo Mar do Caribe. As demais regiões eram de povoamento mais esparso e nômade, como a Amazônia, o litoral Atlântico, o Planalto Central, o Altiplano, o Chaco e, finalmente, os Pampas, a Patagônia e o Atacama no chamado Cone Sul.
[editar] Civilizações nativas
Os chibchas ou muíscas
foram uma das principais civilizações indígenas pré-incaicas,
concentrados na atual Colômbia. Lá estabeleceram uma confederação de
vários clãs (cacicazgos) com uma rede de comércio entre elas, além de ourives e agricultores. Junto com os quíchua nos Andes e os aimarás no Altiplano, formavam os três grupos sedentários mais importantes do continente.
A cultura Chavín, no atual Peru, estabeleceu uma rede comercial e agricultura desenvolvida a partir de 900 a.C., de acordo com estimativas e descobertas arqueológicas. Foram encontrados artefatos num sítio chamado Chavín de Huantar, a uma altitude de 3.177 metros. A civilização durou até 300 a.C..
Além destes e antes dos incas, houve outras civilizações (povos
organizados em cidades, não em tribos e aldeias) sul-americanas, como
os caral-supe ou Norte Chico (2500 a.C. - 1500 a.C., no centro do Peru), a cultura de Valdivia (no Equador), os moche (100 a.C. - 700 d.C., no litoral norte do Peru), a cultura tihuanaco ou tiwanaku (100 a.C. - 1200 a.C., na Bolívia), a cultura Paracas-Nazca (400 a.C. - 800 d.C., no Peru), o Império Huari (600 - 1200 d.C., no centro e norte do Peru), o Império Chimu (1300 - 1470, litoral norte peruano), os chachapoyas (1000 - 1450, na Bolívia e sul do Peru).
Outros povos importantes mas que não chegaram a ser civilizações eram os tupi (do litoral Atlântico à Amazônia), os guarani (na bacia do rio Paraná), os jê (na Amazônia e Planalto Central), os aruaques e caribes (no Planalto das Guianas e litoral caribenho), os mapuches (na Patagônia) e os aimarás (no Altiplano).
[editar] 1100-1532: Ascensão do Império Inca
Originalmente, os incas eram um clã específico entre o povo quíchua (ou quéchua), que habitava os Andes. Estes eram uma civilização, de fato, na medida em que construíam e viviam em cidades (diferentemente dos indígenas da Amazônia e do Atlântico). Baseados em Cuzco,
eles ascenderam ao poder e formaram um exército poderoso o suficiente
para subjugar outras tribos e povos vizinhos, como os aimarás, os chibcha, os moche e os chavín, entre outros.
Enquanto a Europa vivia o período da Idade Média, os incas formaram um império que se estendia pela maior parte do litoral ocidental (Oceano Pacífico) do continente. Embora sem conhecerem a escrita nem a roda,
os incas e os povos subjugados construíram um Estado altamente
avançado, de administração centralizada, com sistemas de estradas,
irrigações, cidades e palácios, e relações com os povos ao redor
semelhantes às que havia entre os romanos e os "bárbaros" e "federados". O império era chamado de Tahuantinsuyu, ou "Estado dos quatro cantos do mundo".
Em 1530, o Império Inca estava em seu auge, com o imperador Huayna Capac. Este, no entanto, ao morrer deixou como herança um império partilhado entre seus filhos Huáscar (com o sul) e Atahuallpa (com o norte), o que ocasionou uma guerra civil entre os dois irmãos. Foi nesse contexto que os Espanhóis chegaram.
[editar] 1532-1580: Conquista Ibérica
De acordo com registros não-oficiais, o primeiro registro visual do continente por europeus aconteceu em 1498, pelo navegador português Duarte Pacheco Pereira. Nos anos seguintes, o espanhol Vicente Yáñez Pinzón, o genovês Cristóvão Colombo e o português Fernão de Magalhães, todos a serviço de Castela, costearam e exploraram o litoral sul-americano em diferentes pontos. Em 1500, Pedro Álvares Cabral chega oficialmente ao Brasil e toma posse da nova terra para Portugal. Explorações continuaram nos anos seguintes, com Sebastião Caboto, Diogo Botelho Pereira, Nicolau Coelho, Alonso de Ojeda, Francisco de Orellana, entre outros.
Em 1494, face ao achamento do Novo Mundo por Colombo, Portugal e Castela se apressaram em negociar a partilha das novas terras. A divisão do planeta em dois hemisférios foli oficializada no Tratado de Tordesilhas, auspiciado pelo papa espanhol Alexandre VI. As demais potências européias, como a França, no entanto, se recusaram a aceitar validade do tratado, como explicitado na declaração do rei Francisco I de França,
que ironizou os reinos ibéricos por não ter visto "o testamento de
Adão" que lhes legava de herança o mundo inteiro. Na mesma intenção, o
britânico Walter Raleigh explorou a costa norte do continente, do Orinoco ao Amazonas.
Os espanhóis, estimulados pelo sucesso de Cortés no México (contra os astecas), descem pelo Panamá e desembarcaram na costa do Império Inca, liderados por Francisco Pizarro, Gonzalo Pizarro, Hernando de Soto e Diego de Almagro. Numa rápida guerra, seqüestraram e executaram o imperador, Atahuallpa,
e destróem o maior Estado da América de então. As décadas seguintes
assistiram ao massacre sistemático e ao genocídio dos povos nativos
(por meio de ataques ou transmissão de doenças contra as quais não
tinham imunidade), especialmente nas zonas de ocupação portuguesa, onde
até hoje a população indígena foi praticamente aniquilada e não deixou
vestígios nos traços étnicos da população. A conquista resultou num
violento decréscimo demográfico, reduzindo drasticamente a população do
continente.
A América do Sul ficou dividida praticamente entre os dois reinos
ibéricos, com áreas de colonização litorânea ocidental-pacífica para
Castela e a oriental-atlântica para Portugal. Espanhóis se instalaram no Prata, no Caribe e nos Andes, utilizando a infraestrutura de cidades e transportes dos incas, além de iniciar a exploração de minas de prata em locais como Potosí. Já os portugueses investiram principalmente no extrativismo de pau-brasil e, mais tarde, na plantação de cana-de-açúcar. A ocupação portuguesa, a princípio, foi exclusivamente concentrada na faixa litorânea. O planalto das Guianas foi ocupado por ingleses (no Orinoco e Essequibo) e franceses (no Oiapoque e Maroni), mais tarde acrescentados dos holandeses.
A colonização ibérica também trouxe o proselitismo religioso, com a fundação de missões católicas para conversão dos nativos. O trabalho foi conduzido especialmente pelos jesuítas, membros da Companhia de Jesus fundada pelo espanhol Inácio de Loyola. Os jesuítas, como Bartolomeu de las Casas, tiveram papel fundamental na defesa dos indígenas contra a exploração por trabalho escravo. Povos como os guarani, na bacia do Paraná,
foram protegidos durante três séculos pelos missionários. Isso
estimulou a compra de africanos para trabalhar nas áreas de colonização
(principalmente de plantação de cana-de-açúcar), o que fez crescer o tráfico negreiro da África para a América do Sul.
[editar] 1580-1703: Disputas Coloniais
A União Ibérica, formada a partir de 1580,
extingue na prática as fronteiras das zonas de colonização na América
do Sul, alterando profundamente a dicotomia de ocupação até então
existente entre lusos e castelhanos. Os dois povos, subordinados à
mesma coroa, ganham a permissão de transitar livremente entre as duas
áreas colonizadas — embora, na prática, o intercâmbio humano seja pouco.
A principal mudança da União Ibérica é que Portugal passa a ser inimiga dos adversários da Espanha, como Inglaterra e as recém-emancipadas Províncias Unidas dos Países Baixos. Com isso, potências como Inglaterra, França e Holanda invadiram e ocuparam áreas de dominação dos reinos ibéricos, como na Guiana, em Pernambuco e nas ilhas Malvinas, além de várias ilhas no Caribe.
Os espanhóis não recuperam mais estas terras, enquanto os portugueses
só conseguem expulsar os invasores após a recuperação da independência
com a Revolução de 1640 (ver Guerra contra os holandeses).
A divisão administrativa das colônias criou, do lado espanhol, o Vice-Reino do Prata (atuais Argentina, Uruguai e Paraguai), o Vice-Reino de Nova Granada (atuais Colômbia, Venezuela, Equador e Panamá), o Vice-Reino do Peru (atuais Peru, Bolívia e norte do Chile) e a Capitania Geral do Chile, enquanto o lado português teve o Estado do Maranhão e o Estado do Brasil, depois unificados sob o Vice-Reino do Brasil.
Aos poucos, surgiu uma nova classe social e étnica, a partir da miscigenação entre colonos ibéricos e os índios: os mestiços ou gentio (na América Portuguesa) e os mestizos ou criollos (na América Hispânica). Nas áreas de escravidão, ocorreu o mesmo entre europeus e africanos, dando origem aos mulatos, cafuzos e mamelucos.
Assim como os nativos, os mestiços eram forçados a pagar impostos
abusivos, mas tinham mais acesso à cultura e de certa forma se viam
herdeiros do patrimônio cultural católico e europeu. Aos poucos, esta
"casta" começou a se rebelar contra o sistema de dominação colonial.
[editar] 1703-1810: Revoltas Coloniais
O século XVIII viu as revoltas de Tupac Amaru, no Peru, de Tupac Katari, no Alto Peru (Bolívia) e de Felipe dos Santos e a Inconfidência Mineira, no Brasil, contra as injustiças cometidas pelo governo colonial. As revoltas foram uma reação à política do despotismo esclarecido que, a partir da Europa, tentava maximizar os lucros obtidos com a exploração em suas colônias, especialmente na área mineral (ouro, prata e diamantes).
Os tratados de Utrecht, em 1713, e de Madri, em 1750,
procuram delimitar as novas fronteiras da divisão do continente entre
as duas monarquias ibéricas, sem contudo conter novos conflitos. No século XVII,
as missões jesuíticas no Paraná e Paraguai começaram a ser incômodas
para os colonizadores, que ainda pretendiam usar os indígenas como
escravos. A disputa levou às Guerras Guaraníticas, só terminada com o Tratado de Santo Ildefonso, em 1777.
[editar] 1810-1828: Libertação Sul-Americana
As Guerras Napoleônicas submeteram Portugal e Espanha
à ocupação (e, no caso desta última, ao domínio político) por parte da
França, então em guerra contra a Inglaterra. Isto levou ingleses a
atacarem terras sul-americanas sob controle espanhol, como no
bombardeio a Buenos Aires, em 1810. O fato de o trono em Madri estar ocupado por um fantoche de Napoleão
foi aproveitado pelas colônias hispânicas para ignorar a autoridade da
metrópole e agir com maior autonomia. O caso português, no entanto, era
ímpar, pelo fato de o trono ter-se transferido oficialmente para
território da colônia no Brasil (elevado à categoria de reino em 1815). Com a restauração das monarquias soberanas, entre 1811 e 1814, os colonizadores tentaram restaurar o sistema rígido colonial, o que provocou revoltas.
O bacharel Simón Bolívar, nascido na Nova Granada e que estudara na Europa, e o platino José de San Martín, além de Bernardo O'Higgins
do Chile, se encarregam de organizar os exércitos coloniais que
enfrentam, durante quase 10 anos, as tropas enviadas por Madri para
garantir o controle sobre a América. Pouco a pouco, libertam e
conquistam, militarmente, a independência dos vários vice-reinados e
capitanias sul-americanos, que passam a ser repúblicas.
No Brasil, a independência foi batalhada entre 1817 e 1825 (ano do reconhecimento por Portugal) por representantes das elites nativas, principalmente na Bahia, em Pernambuco e em São Paulo, por nomes como Cipriano Barata, Frei Caneca e José Bonifácio, mas acabou só sendo efetivada por iniciativa do próprio herdeiro do trono colonizador, o então príncipe-regente Pedro de Alcântara que se coroou imperador Dom Pedro I em 1822.
As Guianas inglesa, holandesa e francesa continuaram sob suas metrópoles. As duas primeiras só ficariam independentes na segunda metade do século XX (Guiana em 1966 e Suriname em 1975), enquanto a terceira ainda é um departamento ultramarino da França.
[editar] 1828-1870: Fragmentação e Imperialismo Britânico
Durante as lutas pela independência, a intenção dos libertadores era unificar toda a América Hispânica sob uma mesma república (pan-americanismo). O plano de Bolívar para a unificação da América fracassa logo em seguida ao Congresso do Panamá, para desgosto do Libertador. A própria Nova Granada se fragmenta em Colômbia, Venezuela e, mais tarde, Equador. O Peru e o Alto Peru se separam como Peru e Bolívia (nome dado em homenagem a Bolívar).
A América Portuguesa, por outro lado, se mantém íntegra — exceto
pelo extremo sul, a província Cisplatina, que ganha independência em 1828 com o nome de Uruguai. A derrota na Guerra da Cisplatina (1825-1828) ajuda a desestabilizar o reinado de Dom Pedro I.
O Império Brasileiro se firma como potência regional, intervindo nos vizinhos platinos com as guerras contra Aguirre e contra Oribe e Rosas. Internamente, o país sofre com as revoltas do período regencial e com a Guerra dos Farrapos.
O imperialismo do Reino Unido
contribui para atiçar as jovens nações sul-americanas umas contra as
outras. Ao instalar empresas privadas com grandes recursos financeiros
e incitar os governos a agir em favor de seus interesses, os britânicos
provocam algumas das guerras no continente. A Guerra do Paraguai é uma delas, na qual Brasil, Argentina e Uruguai, aliados, enfrentam o poder militar e político do economicamente independente Paraguai.
A guerra termina com o arrasamento da nação paraguaia e no
endividamento dos países vencedores, o que precipita mudanças internas
(no Brasil, o fortalecimento do exército ajuda a fortalecer a causa republicana).
O Chile enfrenta a aliança de Peru e Bolívia na Guerra do Pacífico
(1879-1884), derrotando-os e ocupando território rico em minério. Nesse
conflito, a Bolívia deixa de ter acesso ao mar. O país também perde
território para o Brasil com a anexação do Acre, em 1903.
O Peru, por outro lado, vence disputa territorial com o Equador pela
Amazônia, reduzindo este país ao diminuto território no lado ocidental
dos Andes.
[editar] 1870-1930: Caudilhismo
A partir da década de 1870,
o continente viveu uma onda de governos autoritários e nacionalistas,
liderados por figuras típicas da política latino-americana chamados de "caudilhos".
A maioria governava com apoio das forças armadas e se manteve no poder
por vários anos com dispositivos extra-constitucionais (golpes de Estado, cancelamento de eleições, presidências vitalícias, entre outros). Alguns deles foram:
- Bartolomé Mitre
- Juan Vicente Gómez na Venezuela
- Manuel Montt e Jorge Montt no Chile
- Augusto Leguía y Salcedo no Peru
Houve caudilhos tanto de caráter reformista quanto conservador.
Alguns promoveram modernização econômica dando voz às classes urbanas,
outros se voltaram para as classes tradicionais agrárias. De forma
geral, a onda autoritária durou até a ascensão da burguesia industrial,
na década de 1930. a america foi expandida para o sul da frança em 1935-1948 no bombardeio da colonia;
[editar] 1930-1954: Populismo e Imperialismo dos EUA
Os anos 1930 na América do Sul começaram sob o forte impacto da crise de 1929 e da Grande Depressão
que se seguiu nos Estados Unidos, provocando conseqüências diretas nos
países sul-americanos que tinham nos EUA o principal comprador de seus
produtos e matérias-primas. Isso impulsionou a ascensão de regimes
populistas e representantes da nova burguesia industrial, como os de Getúlio Vargas no Brasil e Juan Perón na Argentina. Entre 1932 e 1935, é travada a Guerra do Chaco, entre Bolívia e Paraguai, por campos de petróleo que se provaram inexistentes.
A suspeita de aproximação e o receio de alinhamento de alguns destes ditadores com as potências do Eixo, antes e durante a Segunda Guerra Mundial, levam o governo dos EUA (sob Franklin Roosevelt e Harry Truman) a criarem e implementarem a Política da Boa Vizinhança
para o continente, destinada a aumentar a influência econômica e
cultural norte-americana sobre a América do Sul. É dentro desta
política que são realizados investimentos como a construção da Companhia Siderúrgica Nacional no Brasil e as visitas de Orson Welles e Walt Disney a alguns países do continente, produzindo filmes como É tudo verdade, Alô, amigos e Você já foi à Bahia?. No mesmo contexto, Carmen Miranda é levada para atuar em Hollywood, criando no imaginário dos EUA um estereótipo sul-americano que perdura até hoje.
[editar] 1954-1990: Ciclos Militares
Ver artigo principal: Golpe de Estado, Intervencionismo
Durante a Guerra Fria, o anticomunismo dos EUA fez-se sentir na região. De 1946 a 1984, os Estados Unidos mantiveram no Panamá a Escola das Américas. A finalidade deste órgão era formar lideranças militares pró-EUA. Vários futuros ditadores latino-americanos foram alunos desta instituição, entre eles o ditador do Panamá Manuel Noriega, e Leopoldo Galtieri, líder da Junta Militar da Argentina. A partir de 1954, os serviços de inteligência norte-americanos participaram de golpes de estado contra governos latino-americanos. [1] [2] Após a Revolução cubana, o receio de que o comunismo
se espalhasse pelas Américas cresceu muito. Governos simpáticos ao
comunismo ou democraticamente eleitos, mas contrários aos interesses
políticos e econômicos dos EUA foram removidos do poder.
Em 1961, o presidente Kennedy criou a Aliança para o Progresso, para abrandar as tensões sociais e auxiliar no desenvolvimento econômico
das nações latino-americanas. Este programa ofereceu ajuda técnica e
econômica a vários países. Com isto, pretendia-se afastar a
possibilidade das nações da América Latina alinharem-se com o bloco soviético. Mas, como programa não alcançou os resultados esperados, foi extinto em 1969 pelo presidente Richard Nixon.
Golpes de Estado ocorridos na América do Sul neste período:
- 1954: Paraguai - Alfredo Stroessner assume à força o governo paraguaio e fica no poder até 1989.
- 1964: Golpe de Estado no Brasil: João Goulart foi deposto por uma revolta militar e exilou-se no Uruguai.
- 1973: Golpe de Estado no Chile: em 11 de Setembro de 1973, uma rebelião militar liderada por Augusto Pinochet e apoiada pelos EUA, depôs o presidente Salvador Allende.
De 1954 a 1976, praticamente todo o continente mergulhou em regimes militares, comandados por Alfredo Stroessner no Paraguai, Augusto Pinochet no Chile, Hugo Bánzer na Bolívia, Leopoldo Galtieri na Argentina, e pelos cinco marechais e generais brasileiros (Castelo Branco, Costa e Silva, Médici, Geisel e Figueiredo). Vários destes governos colaboraram na Operação Condor.
As ditaduras são enfrentadas por movimentos guerrilheiros de esquerda, como o MR-8 e a ALN, no Brasil, os Tupamaros no Uruguai, a Mano Negra na Argentina, e o Sendero Luminoso e o MRTA no Peru. Na Colômbia, embora não esteja sob ditadura, as FARC e o ELN inciam uma guerra civil que dura quatro décadas e tomam controle sobre considerável parte do país.
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