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Em
todo o mundo, independente do grau de desenvolvimento de cada país, a
informática tem sido um dos campos que mais cresce, resultando na
introdução da tecnologia na educação como algo inevitável e necessário.
Em decorrência, o computador tem entrado cada vez mais cedo na vida das
crianças, e, hoje, é uma das principais ferramentas que as introduz no
mundo das letras. O acesso fácil ao computador e à internet desde cedo
incentiva os pequenos a terem contato com as letras antes mesmo de
ingressarem na escola. E, por isso, a Educação Infantil já instituiu o
uso do computador. Estudos mostram, por exemplo, sua utilização como um
diferencial para que os pais de crianças na faixa etária de 2 a 6 anos
sintam-se mais tranquilos com a perspectiva de seus filhos entrarem na
era da computação desde pequeninos. Diante da realidade, constata-se
que o computador está mudando o processo de alfabetização das crianças.
Para os especialistas, a curiosidade infantil, aliada à atração que o
computador exerce sobre as crianças, pode proporcionar incursões
através de um universo extenso de
informações.
Em entrevista à TIC Educação, Pedro Demo, autor de livros sobre
sociologia da Educação e professor da Universidade de Brasília (UnB),
disse que não faz mais sentido alfabetizar sem levar em conta a
vivência de informática. Pedro Demo falou, ainda, sobre o que muda e
como os pais e a escola devem lidar com esta transformação. Para o
professor, o computador já é uma realidade na vida das crianças, o
desafio, agora, é saber utilizá-lo da melhor forma. TIC - O computador está mudando o processo de alfabetização das crianças? Pedro Demo -O computador está mudando o processo de alfabetização das crianças sim, pelo menos até ao "internetês", que a criança domina em pouco tempo, em geral com ajuda dos coleguinhas e sem maior intervenção de adultos. Além do mais, "fluência tecnológica" é vista como parte da alfabetização hoje. TIC – De que forma a tecnologia pode auxiliar no processo de ensino aprendizagem? Pedro Demo -Primeiro, está tornando obsoleto o termo "ensino", já que "repassar conhecimento" se tornou ocioso, além de ser contraditório (conhecimento não se repassa, se constrói). Muitos ainda usam tecnologia para "enfeitar" aula, mas é enfeitar defunto. Papel do professor não é ensinar, mas aprender junto com o aluno (de modo parceiro, embora à frente do aluno). Segundo, a expectativa - nem sempre bem preenchida - é que, com auxílio de ferramentas tecnológicas, em especial da web 2.0, seja possível incentivar a autoria como centro do processo de aprendizagem. É importante evitar panaceia ou resistência. TIC – Muitos pais se preocupam com o uso precoce do computador por seus filhos. Esta preocupação deve existir? Até que ponto? Pedro Demo -Deve existir, ainda que seja difícil dizer o que seria "precoce". A criança não pode usar a internet sem o cuidado dos pais, porque implica inúmeros riscos (também graves). Deve predominar o "olhar do educador", que não controla, impõe, cerceia, mas acompanha com devido cuidado, sobretudo educa para o bom uso. TIC – Você acredita que o contato com o computador e a internet pode despertar o interesse pela leitura e pela escrita? Pedro Demo -Novas tecnologias são, como todas as outras, ambíguas. Podem incentivar e matar a leitura, dependendo do contexto. De um lado, parece claro que a criançada gosta de ler o que está na tela, em geral textos pequenos (exemplo supino é o texto do twitter, de 140 toques apenas); resiste-se ler textos profundos, longos, complexos. De outro, a criança lê mais, mas não necessariamente bem. No entanto, o bom uso das plataformas da web 2.0 poderia auxiliar a disseminar a leitura, à medida que, para fazer texto próprio (multimodal, sobretudo), a criança percebe que leitura ajuda muito. TIC - O computador é hoje uma das principais ferramentas que introduz as crianças no mundo das letras. O que muda com isso na educação? Pedro Demo -Muda que modos não formais de aprender vão se impondo e rivalizando os da escola (formal), com o agravante de que o mundo da escola aparece como o mundo da chatice, disciplina, autoritarismo, enquanto o mundo virtual aparece como da liberdade (o que é enorme ilusão). TIC - Como os pais e a escola devem encarar esta transformação? Pedro Demo -Com naturalidade e cuidado. A relação de cuidado (olhar do educador) é a mais adequada, porque evita mero controle e imposição. O computador não vai mais sair da vida das crianças. A saída é saber usar bem. Fonte: TIC EDUCAÇÃO. Novas tecnologias auxiliam na alfabetização de crianças. Disponível em http://www.ticeducacao.com.br. |
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